Quando a criança espirra e fica ralhosa, os pais correm atrás da “farmácia” lá de casa para encontrar uma solução milagrosa que impeça que a situação evolua.
No entanto, tenha em atenção que apenas o médico/pediatra tem competência para observar e medicar o seu filho. Em situações em que a criança se queixa de dor intensa, não se consegue mexer, fica prostrada, com falta de força ou tem dificuldades respiratórias deve ser levada imediatamente ao hospital.
Riscos de medicar o seu filho sem orientação médica
Alguns pais, recorrem à internet, a conselhos de amigos que também têm filhos ou aos restos de medicação de outro episódio de doença para medicar a criança, especialmente para aliviar sintomas como tosse, febre ligeira ou dor de cabeça.
No entanto, tratar apenas os sintomas sem um diagnóstico correto das causas e da doença que os pode estar a motivar, é o principal risco associado à auto-medicação.
Para além disso, há outras questões como a validade dos medicamentos, a dose correta de acordo com o peso da criança e a frequência das tomas. Alguns medicamentos parecem inofensivos mas não o são e os pais devem ter especial cuidado antes de os dar aos filhos.
Xarope para a tosse
Existe uma panóplia de xaropes de venda livre em qualquer farmácia e sem exigirem receita médica.
O grande problemas é que o xarope combate o sintoma mas não a doença. A criança pode ter tosse por causa de uma alergia, gripe ou pneunomia. Se a doença não for corretamente identificada, tratada com a medicação adequada e em tempo útil, pode resultar em novos probemas de saúde mais graves.
Medicamentos naturais
Os chamados medicamentos naturais, não deixam de ser medicamentos e de trazer efeitos secundários que podem não ser os mais desejáveis.
Apesar de não terem químicos na sua constituição, dependendo da concentração e do princípio ativo, a criança pode desenvolver uma alergia ou sofrer uma intoxicação com a planta.
Pastilhas e própolis
Tal como os xaropes, as pastilhas e o spray de própolis podem parecer o mais certo para fazer desaparecer a tosse, a roquidão ou aquela sensação de irritação na garaganta.
Mais uma vez, estas soluções apenas atuam nos sintomas e não nas causas do problema. Para além disso, é preciso perceber se estes produtos podem ser usados nas crianças, apartir de que idade, com que dose e frequência.
Abusar do mel
O mel é bastante apreciado pelas crianças, porque é doce, e usado com frequência no combate à tosse ou dor de garganta. Um exemplo é o famoso chá de casca de limão com mel para aliviar e prevenir as irritações da garganta.
O mel pode aliviar o ardor do estômago e facilitar a digestão porque é rapidamente aborvido. Mas também tem um efeito laxante no instestino. Se a criança tiver uma virose, isso pode agravar um quadro de desidratação.
Antibióticos
Atualmente, o uso de antibióticos banalizou-se de tal forma que se pensa que é a cura para todos os males e infeções. A má utilização ou o uso excessivo dos antibióticos são a principal causa para o aumento da resistência das bactérias.
Os antibióticos devem ser utilizados apenas quando prescritos pelo médico. A sua utilização desnecessária para tratar gripes ou constipações (os antibióticos não atuam contra doenças provocadas por vírus), a automedicação e a toma errada, são formas de favorecer a gradual resistência das bactérias aos fármacos em vez de aumentar a capacidade do sistema imunológico da criança para lidar com estes microrganismos.
Aspirina (comprimidos com ácido acetilsalicílico)
Para além de inibir a produção da hormona responsável pela dor e inflamação, o que pode “mascarar” a doença ao atuar apenas nos sintomas, este tipo de medicamento aumenta o diâmetro dos vasos sanguíneos e impede a coagulação do sangue.
Qualquer situação de saúde exige uma consulta médica?
Nos bebés mais pequenos, é sempre aconselhável ir ao médico quando não estão visivelmente bem ou os pais notam alguma alteração, mesmo que subtil. Quando estão mais irritados, sonolentos, choram muito ou se recusam a comer. As crianças mais pequenas não sabem comunicar o que lhes dói ou o que lhes causa desconforto e devem ser avalidadas por um profissional de saúde.
Quando a criança é maior, não se justifica ir a correr para o médico ao primeiro espirro. A entrada para a creche ou para o infantário é um momento em que, geralmente, as crianças desenvolvem muitas infeções e doenças.
Em muitas situações, os pais ligam para o pediatra, apresentam os sintomas e podem ser aconselhados a vigiar a situação por 4 a 5 dias.
Algumas doenças/infeções são ligeiras e auto-limitativas e terminam de forma espontânea sem ser necessária medicação. Repouso, conforto, hidratação e vigilância dos sintomas podem ser medidas suficientes.
No entanto, algumas doenças podem ser graves se não forem tratadas rapidamente. Se a criança apresentar sinais de alarme, febre persistente ou elevada, vómitos, irritação ou falta de apetite deve ir ao médico rapidamente.
Cuidados a observar antes de dar a medicação, mesmo com receita médica, ao seu filho
- Leia com atenção todo o folheto antes de começar a dar o medicamento;
- Conserve o folheto até ao fim da toma porque ter dúvidas e precisar de o voltar a ler;
- Caso ainda tenha dúvidas, fale com o seu médico ou farmacêutico antes de iniciar o tratamento;
- Os medicamentos são receitados considerando um determinado quadro de doença e não devem ser dados a outras pessoas. O medicamento pode ser-lhes prejudicial mesmo que apresentem os mesmos sinais de doença;
- Se tiver quaisquer efeitos secundários, incluindo possíveis efeitos secundários não indicados no folheto, fale com o seu médico ou farmacêutico.