Na síndrome de apneia obstrutiva do sono há obstrução parcial ou total à passagem do ar nas vias aéreas superiores que leva à diminuição do oxigénio e aumento do dióxido de carbono no organismo provocando pequenos despertares durante a noite, fragmentando e perturbando o sono.
Síndrome de apneia obstrutiva do sono
O que é a síndrome de apneia obstrutiva do sono?
Quando o ressonar está associado a determinados sinais e sintomas, fala-se em perturbação respiratória do sono.
A perturbação respiratória do sono pode ter vários graus de gravidade e o diagnóstico mais frequente é o de síndrome de apneia obstrutiva do sono (SAOS). A SAOS atinge cerca de 1/5 das crianças que ressonam.
Porque ressonam as crianças?
O ressonar corresponde ao ruído produzido pela vibração do ar na faringe. Surge durante o sono quando existe um aumento da resistência à passagem do ar nas vias aéreas.
Este aumento da resistência está, na maior parte das vezes, relacionado com o aumento das adenóides e das amígdalas, que atingem o seu maior crescimento nas crianças dos 3 aos 10 anos de idade.
Existem outros fatores que podem estar na origem ou condicionar o agravamento do ressonar, como a obesidade, a rinite alérgica ou determinadas características faciais.
Entre 10 a 15% das crianças ressonam, facto que muitas vezes não é valorizado.
Quando se deve valorizar o ressonar da criança?
Sempre que uma criança ressona de forma habitual, esse fato deve ser reportado ao seu médico assistente. Desta forma podem ser pesquisados outros sintomas ou sinais que permitem avaliar o grau da perturbação respiratória do sono.
O ressonar deve ser ainda mais valorizado se for acompanhado de:
a) Durante o sono – pausas respiratórias (apneias), respiração ruidosa ou predominantemente pela boca, noção de esforço respiratório, sono agitado, transpiração excessiva, enurese (urinar na cama), sonambulismo, pesadelos, dormir em posições estranhas e/ou queixas de insónia.
b) Durante o dia – dificuldade em acordar, queixas de dor de cabeça ou falta de apetite pela manhã; sonolência excessiva; alterações de comportamento como irritabilidade, hiperatividade ou agressividade e dificuldades de aprendizagem.
O exame médico irá pesquisar também certos fatores de risco de perturbação respiratória do sono, tais como o aumento das dimensões das adenóides e das amígdalas, desvio do septo nasal, palato ogivado, queixo pequeno ou recuado e dentição apinhada.
Como se diagnostica a síndrome de apneia obstrutiva?
Nem sempre são necessários exames complementares de diagnóstico. Perante uma criança com sinais e sintomas clínicos típicos e aumento das dimensões das adenóides e amígdalas pode estabelecer-se o diagnóstico.
Para objetivar o grau de apneia, o diagnóstico deverá ser complementado pelo estudo poligráfico do sono. O exame poligráfico do sono consiste num exame realizado num laboratório de sono e permite avaliar diferentes parâmetros (atividade cerebral, atividade muscular, atividade cardíaca, respiração, níveis de oxigénio e dióxido de carbono) durante uma noite inteira.
É possível utilizar exames alternativos de mais fácil acesso, com menos parâmetros (respiratório e cardíaco), efetuados em casa como, por exemplo, um exame de sono domiciliário ou a oximetria noturna com registo.
Porque é importante o diagnóstico?
O sono é um período fundamental para diferentes funções do organismo: crescimento, desenvolvimento do cérebro, consolidação da memória e capacidade de aprendizagem, entre outros.
As alterações respiratórias e na estrutura do sono que ocorrem na síndrome de apneia obstrutiva do sono podem comprometer todas essas funções.
Para além disso, pode associar-se a consequências metabólicas e cardiovasculares, como hipertensão arterial, que se podem prolongar até à idade adulta, e assim tornar estas crianças em adultos menos saudáveis.
Tratamento
Como o aumento das adenoides e das amígdalas é a principal causa desta síndrome, o tratamento mais frequentemente indicado é a sua remoção cirúrgica. Nalgumas formas, o tratamento médico com corticóides nasais e anti-histamínicos orais, poderá ser suficiente ou útil previamente à cirurgia.
Podem existir outros fatores que causem ou contribuam para a síndrome de apneia obstrutiva do sono, e que poderão necessitar tratamento como, por exemplo, correção ortodôntica (expansão maxilar, correção do alinhamento e relação dos dentes e maxilares), tratamento da rinite alérgica e/ou dieta alimentar e exercício físico se houver obesidade associada.
É importante que a criança seja vista de novo pelo especialista depois do tratamento inicial, pois alguns tratamentos podem não resolver totalmente o problema de saúde, mesmo que o ressonar se torne menos evidente.
Em situações muito particulares recorre-se à ventilação não invasiva, em que durante a noite a criança respira com o auxílio de um ventilador que lhe fornece o ar a uma determinada pressão através de uma mascara nasal ou oro-nasal.
Observação após tratamento
A criança poderá continuar a respirar pela boca e nunca respirar pelo nariz durante a noite e até durante o dia.
Esta respiração terá consequências no desenvolvimento e crescimento do rosto e dos dentes. Poderá conduzir ao aparecimento da perturbação respiratória do sono, com recorrência dos sintomas, ao desenvolvimento de novos problemas com impacto no desempenho escolar, comportamento e alergia.
O tratamento precoce dos sintomas associados ao ressonar é importante na promoção de um crescimento e desenvolvimento adequados da criança e ainda evitar consequências tardias.