As crianças têm vários padrões de hábitos intestinais. Podem não ter qualquer dejeção durante três ou quatro dias, sem que isso só por si represente qualquer perigo. Por vezes, podem surgir associados a dor ou a desconforto abdominal.
Alterações na dieta podem provocar obstipação. Regra geral, as dietas das crianças que sofrem de obstipação com uma certa frequência costumam ser pobres em água, frutas e verduras frescas e, ao mesmo tempo, excessivamente proteicas (excesso de carne, peixe e ovos).
Tratamento da obstipação infantil
1. As alterações dietéticas são essenciais e geralmente suficientes – acrescente azeite cru aos purés após a cozedura das verduras, antes de as triturar e às massas depois de cozidas e escorridas; encoraje o sumo de ameixas ou damascos, pêssegos, pêras e outras frutas (manga, papaia, kiwi) quando apropriadas.
2. Se a obstipação está relacionada com o treino do bacio, crie hábitos de evacuação regulares, sentando a criança duas vezes por dia, dez a quinze minutos, aproveitando os momentos do reflexo gastrocólico ao acordar ou após as refeições.
3. Em crianças mais velhas, encoraje a ingestão de sumo de ameixas ou damascos, laranjas, ameixas, figos, tâmaras, pêssegos, papaia e pêras), de outras frutas
(preferencialmente com casca), de farelo, de legumes e de fontes de fibra (cereais, pão e massa integrais). A ingestão abundante de água é essencial. Desencoraje o excesso de leite (que pode ser substituído pelo iogurte ou leite fermentado, uma vez que as bactérias vivas neles existentes contribuem para o crescimento da flora intestinal benéfica e, consequentemente, melhoria da obstipação), da cenoura, do arroz, das bananas e da maçã/pêra cozidas com açúcar, uma vez que são obstipantes.
4. Raramente, o Pediatra poderá mudar o leite e/ou receitar laxantes.
5. Se existirem fissuras anais, traduzidas geralmente por dor e fezes raiadas de sangue, é aconselhado o amolecimento das fezes, mantendo a região perianal o mais seca possível e aplicar cremes calmantes após cada troca da fralda. Não use clisteres nem supositórios, pois eles poderão agravar o problema.
Publicado no Mãe-Me-Quer com autorização do autor, Dr. Armando Fernandes. Centro Pediátrico de Telheiras – Pediatria do Desenvolvimento.