Ao ouvir falar de herpes simplex, muitos pais poderão pensar que este é um vírus que afeta apenas os adultos. A verdade é que pode afetar crianças também.
O vírus herpes simplex pertence ao grupo Herpesviridae, o qual engloba um conjunto extenso de vírus que causam diferentes problemas, com prognósticos diversos. Este vírus pode causar infeções ligeiras, mas em certos casos poderá ser bem grave.
O que é o vírus herpes simplex?
O vírus herpes simplex (HSV) causa infeções em humanos e divide-se em dois grupos:
- Tipo 1 ou HSV-1: infeta a pele e as mucosas da boca, nariz e (raramente) dos olhos
- Tipo 2 ou HSV-2: infeta principalmente a zona genital
O vírus herpes simplex tem a capacidade de viver de forma inativa (latente) durante bastante tempo nas células nervosas. Após a primeira infeção, pode reativar-se periodicamente em situações de maior stress, febre, gravidez ou sistema imunitário debilitado. Se o HSV-2 for transmitido da mãe para o filho, durante a gravidez ou parto, poderá revelar-se muito grave num recém-nascido.
Em que idade é mais comum?
Calcula-se que entre 60 e 95% dos adultos, globalmente, sejam portadores do vírus herpes simplex.
Relativamente ao herpes simplex de tipo 1, estima-se que dois terços da população mundial com menos de 50 anos estejam infetados com o vírus. O HSV-1 é geralmente adquirido durante a infância, aumentando a sua prevalência com a idade. É um vírus mais comum entre a população mas desfavorecida em termos socioeconómicos.
O herpes simplex de tipo 2 afeta sobretudo as mulheres e as populações dos países em vias de desenvolvimento. Ocorre normalmente nos adolescentes após o início da vida sexual. Frequentemente, os portadores deste tipo de vírus desconhecem ter a infeção.
Quais são os sintomas?
Após um tempo de incubação de cerca de seis dias, podem surgir os seguintes sintomas, de acordo com o tipo de vírus herpes simplex:
HSV-1
Herpes labial
Após um período de comichão ou formigueiro na área afetada (lábios ou nariz), surgem bolhas com líquido. Estas bolhas são normalmente dolorosas e rebentam após uns dias. A criança pode ainda ter febre, mal-estar e cansaço.
Gengivo-estomatite herpética
Este quadro afeta o interior da boca. Surgem também bolhas e feridas dolorosas, gengivas inflamadas e com hemorragias, acompanhadas de febre alta. No pescoço surgem gânglios grandes. A criança tem normalmente dificuldades em alimentar-se, o que pode causar desidratação em crianças muito pequenas.
Ceratoconjuntivite herpética
Afeta os olhos, que ficam vermelhos, inchados e com corrimento. Em casos graves pode afetar a córnea e causar alterações permanentes na visão e mesmo cegueira. Existe ainda o risco de causar encefalite na criança, caso este que pode ser muito grave ou fatal.
Meningencefalite e encefalite herpética
A meningencefalite herpética tem normalmente um prognóstico positivo. Contudo, a encefalite herpética, como se viu acima, pode ser muito grave e causar paralisias, convulsões, coma e morte.
HSV-2
Herpes genital
Caracteriza-se pelo surgimento de bolhas nas mucosas da vagina, vulva, pénis e zona do ânus, que se transformam em feridas dolorosas uns dias mais tarde. As bolhas podem afetar o interior da vagina e colo do útero, embora sejam menos dolorosas. A infeção é acompanhada de febre, mal-estar e aparecimento de gânglios na zona das virilhas.
Herpes neonatal
Como vimos acima, o herpes simplex de tipo 2 pode ser transmitido da grávida para o feto ou recém-nascido. Normalmente é transmitida para o recém-nascido na altura do parto, quando este passa pelo canal vaginal. Se o recém-nascido for infetado manifesta-se como uma infeção generalizada, muito grave podendo causar a morte. Esta infeção pode ainda causar sequelas nos sobreviventes.
Tratamento
Para as formas mais leves de infeção pelo vírus do herpes simplex, o tratamento é feito com pomadas e adesivos antivirais, analgésicos e anestésicos.
As infeções de maior gravidade, incluindo a encefalite herpética e infeções em recém-nascidos, são tratadas com um medicamento antiviral, o Acyclovir por via intravenosa. Contudo, dependendo do quadro clínico poderá ser administrado por via oral ou tópica.
Contágio
Este vírus é altamente contagioso. As lesões provocadas pelo vírus herpes simplex mantêm-se infeciosas até estarem secas. O contágio é feito através de contacto físico, como beijinhos, e do contacto sexual.
Referência: As Doenças das Crianças, de Ariane Brand, Centers for Disease Control and Prevention e MSD Manuals.
A informação presente neste artigo não pretende, de qualquer forma, substituir as orientações de um profissional de saúde ou servir como recomendação para qualquer tipo de tratamento.
Assim sendo, perante qualquer incómodo, aconselhamos que se desloque ao seu médico assistente a fim de obter o diagnóstico e tratamento adequado.