Muitas pessoas têm receio de falar sobre as suas fobias.
Infelizmente o estigma sobre a saúde mental ainda é uma realidade, embora nos últimos anos se tenha notado uma maior consciencialização sobre a importância que esta parte fulcral da nossa saúde pode ter sobre nós.
Falar sobre algo que nos condiciona pode ser bastante constrangedor, principalmente em situações sociais onde as pessoas que nos rodeiam não são da nossa confiança, ou pertencem ao círculo de amigos mais íntimo.
Mesmo na intimidade, por vezes as fobias têm dificuldade em vir à tona em muitas conversas, quer pela exposição da “tal” fraqueza, quer pelo medo da humilhação ou desvalorização pelos outros.
As fobias estão assim, em grande parte, escondidas do conhecimento geral, embora existam em abundância na população.
Surgem como consequência de situações diversas, como um evento traumático ou uma exposição continuada, onde o medo foi experienciado com elevada importância, projetando uma ameaça muitas vezes irreal de um potencial perigo de morte, sempre que há uma nova exposição a esse(s) estímulo(s).
Por isso mesmo as fobias não devem ser desvalorizadas, tanto nos adultos como nas crianças, quer pelos próximos, quer pelo próprio, com frases tão tradicionalmente enraizadas como o “isso não é nada” ou o “deixa-te de coisas” ou porque não o “vê se te controlas”.
Compreender as fobias passa por compreender uma reação instintiva do indivíduo (em diferentes graus de intensidade, obviamente) numa resposta a algo que o deixa em estado de alerta, com os sentidos em modo permanente e muitas vezes reações bruscas e de pânico.
Tratar as fobias então não é só importante, como essencial. Isto porque pode muito bem colocar o indivíduo em perigo, não pelo objeto fóbico em si e pelo potencial perigo do estímulo, mas sim pela reação daí consequente.
As fobias e os estímulos:
Uma fobia a balões, por exemplo, tem todas as “condições” para ser desvalorizada, quer pelo próprio, quer por todas as pessoas que estão à sua volta.
Afinal de contas um balão não é um animal que contenha veneno, muito menos uma máquina que pode avariar com o potencial de nos deixar encarcerados entre o segundo e o terceiro andar durante umas horas.
No entanto, o medo de balões pode ser bastante angustiante e penoso para quem o experiencia, muitas vezes não associado ao rebentar, mas a outros estímulos, como por exemplo o barulho que as mãos fazem ao tocar na borracha.
Uma realidade dessas, provocando uma sensação intensa de pânico pode ser o bastante para uma reação impulsiva e com potencial de causar dano.
Imagine que o indivíduo que tem uma fobia destas está a conduzir e uma rajada de vento arrasta bruscamente umas dezenas de balões de uma festa de aniversário para o meio da estrada? – a probabilidade de acontecer um acidente grave é bem grande.
Assim, uma fobia tida como “inofensiva” pode passar rapidamente a ser receita para um potencial desastre.
Quem fala numa situação que envolva balões, pode facilmente arranjar outros exemplos que envolvam elevadores, ratos, insetos e outros tantos.
Se a reação é explosiva ao contacto com o estímulo, procurar ajuda deverá ser a primeira coisa a fazer.
As fobias desencadeiam, na sua base, um instinto de sobrevivência perfeitamente saudável e que ainda bem que existe, porque está lá para nos proteger contra ameaças.
No entanto quando essa reação é extrapolada e condicionada, temos aqui um bom indicador de que está na hora de procurar ajuda.
O tratamento para as fobias existe e é da responsabilidade da Psicologia e/ou da Psiquiatria. Recorra sempre a intervenções que estejam cientificamente validadas e realizadas por profissionais habilitados.