As crianças em idade escolar que dormem a sesta podem apresentar um coeficiente de inteligência (QI) mais elevado. Mas as vantagens não ficam por aí, indica um estudo publicado na revista científica Sleep.
Com efeito, as sestas foram também associadas a crianças mais felizes e com mais energia. As sestas promovem ainda um maior autocontrolo, menos problemas comportamentais e melhor aproveitamento académico.
Crianças mais felizes, mais inteligentes e com menos problemas comportamentais
O estudo que foi conduzido pela Universidade da Califórnia e da Pensilvânia, ambas norte-americanas, acompanhou quase 3.000 crianças de 10 a 12 anos de idade. As crianças frequentavam escolas primárias na China, onde a sesta é parte da rotina diária.
Foi observado que as crianças que dormiam uma sesta de 30 a 60 minutos, pelo menos três vezes por semana, eram mais felizes, mais energéticas, com e melhor rendimento escolar. Adicionalmente, aquelas crianças revelavam um maior autocontrolo e menores problemas de comportamento.
Os melhores resultados académicos foram o resultado mais pronunciado do estudo. “As crianças que dormiam a sesta três ou mais vezes por semana beneficiam de um aumento de 7,6% no desempenho académico no grau 6 [equivalente ao nosso 6º ano]”, disse Adrian Raine, investigador no estudo.
- Importância da sesta no bem-estar e desenvolvimento infantil
- Sesta das crianças é tão importante como comer defendem Pediatras
Os efeitos negativos da privação de sono a curto e longo prazo
Infelizmente, há muitas crianças e jovens que não dormem o suficiente, por razões várias. Segundo Jianghong Liuo, líder do estudo, até 20% das crianças são afetadas por sonolência diurna.
O sono insuficiente, particularmente em idade escolar, está associado a problemas vários. Mais estes problemas podem ser visíveis tanto a curto como a longo prazo. A privação de sono podem causar problemas de aprendizagem, emocionais e mesmo físicos.
“A privação do sono na criança está associada a efeitos negativos a curto e a longo prazo em diversos domínios, tais como o desempenho cognitivo e aprendizagem, a regulação emocional e do comportamento, o risco de quedas acidentais, de obesidade e hipertensão arterial“, lê-se em recomendações sobre a sesta emitidas pela Secção de Pediatria Social (SPS) da Sociedade Portuguesa de Pediatria (SPP), em 2017.
Infelizmente, as sestas são descontinuadas a partir dos três anos de idade em muitas creches em Portugal. E isto verifica-se tanto no setor público como privado. Contudo, a recomendação da Associação Portuguesa do Sono defende a sesta em idade pré-escolar. “A sesta deverá ser facilitada e promovida até aos 5, 6 anos”, lê-se na abertura do documento.
A SPS da SPP lembra ainda que “as crianças em idade pré-escolar (3 a 5/6 anos de idade) devem idealmente realizar 10 a 13 horas de sono/dia, entre 10 -11 horas de sono noturno e 1 a 3 horas de sesta”.