O sonambulismo infantil faz parte de uma grande lista de distúrbios do sono. Neste, enquanto as crianças dormem na fase mais profunda do sono (NREM), podem falar, andar, sentar-se ou realizar qualquer outra atividade que fariam se estivessem acordadas.
Na maioria dos casos, o sonambulismo tende a desaparecer com a idade, ainda que existam alguns casos nos quais os indivíduos permaneçam com esta condição na vida adulta.
Estima-se que cerca de 10% a 20% das crianças tenham, no decorrer da sua infância, pelo menos um episódio de sonambulismo, mas a prevalência da perturbação ronda o 1% e os 5%. Nos adultos, a sua incidência está entre 1% e 7%.
O que é o sonambulismo infantil?
É um distúrbio de sono infantil que, de acordo com o portal da rede CUF, é mais frequente nos rapazes.
Pode surgir em qualquer idade, mas, de acordo com a fonte hospitalar, normalmente aparece por volta dos 5-6 anos e tende a desaparecer na adolescência.
“O sonambulismo é transtorno relacionado a uma instabilidade do sono. Por causa dos aspetos maturacionais, o sono tem uma propensão a tornar-se mais estável à medida que a criança cresce”, explica a pediatra Rosana Cardoso Alves, da Associação Brasileira do Sono (ABS), em declarações à revista Crescer.
Como se manifesta?
Os sinais mais comuns de sonambulismo infantil são:
- Sentar-se na cama de olhos abertos durante o sono;
- Levantar-se e caminhar pela casa durante o sono;
- Falar ou sussurrar algumas palavras ou frases confusas, sem sentido;
- Olhar fixo sobre o “vazio”.
Durante estes episódios, é natural que a criança esteja de olhos abertos e um olhar fixo, não se recorde do que aconteceu e, portanto, se sinta desorientada e confusa ao acordar.
É importante realçar que apesar de a criança seguir algumas ordens que lhe são dadas, esta poderá fazê-lo por mero acaso, uma vez que não existe a certeza de que estão a ouvir ou a entender o que lhes é dito ou pedido.
Se não for perturbado, voltará a adormecer naturalmente, seja na sua cama ou noutro qualquer lugar.
De notar que, se durante o episódio de sonambulismo for interrompido por terceiros, pode ter um comportamento agressivo.
Quais as causas?
As causas do sonambulismo infantil não estão ainda cientificamente comprovadas. No entanto, os especialistas acreditam que a imaturidade do sistema nervoso central pode ser um fator que despolete o transtorno. Também as noites mal dormidas (privação do sono), o stress e fatores genéticos podem contribuir.
De acordo com um estudo publicado em 2015 no jornal científico JAMMA Pediatrics, as crianças cujos pai e mãe são sonâmbulos são sete vezes mais propensas a desenvolver a mesma condição. No caso de se verificar o distúrbio num dos pais, a probabilidade baixa para três vezes mais do que as crianças cujos pais não têm qualquer perturbação do sono.
Como é realizado o diagnóstico?
Para que o diagnóstico seja feito normalmente não são necessários exames complementares – basta o relato do que sucede quando a criança dorme. Contudo, se o médico assim entender ou se os episódios forem frequentes, poderá ser necessário a realização de alguns exames como TAC ou RM a fim de despistar outras doenças, como a epilepsia, por exemplo. Poderão ainda ser solicitados exames que permitem analisar o ritmo e o padrão do sono.
Existe tratamento para o sonambulismo?
Não existem tratamentos específicos para o sonambulismo, mas existem algumas dicas que podem ajudar os pais a adotar medidas que podem diminuir a incidência destes “surtos”:
- Criar um rotina de sono (ter uma hora para dormir e acordar);
- Regular as horas de sono da criança, garantindo que dorma o suficiente;
- Evitar dar estimulantes/açúcares à noite para evitar que fique com mais energia;
- Não tentar acordar a criança a meio de um episódio de sonambulismo para ela não ficar assustada – ao invés, deve tentar falar com calma e levá-la devagar para o quarto;
- Manter alguns cuidados relativamente à sua segurança, como garantir que não há objetos pontiagudos, móveis (evitar que durma num beliche) ou brinquedos no seu quando com os quais se possa magoar; bloquear qualquer possível acesso a escadas e colocar proteção nas janelas e gavetas da cozinha (onde pode ter acesso a objetos perigosos).
Nos casos mais graves, com episódios recorrentes, o médico poderá considerar administrar medicação para sedar a criança ou recorrer a terapias como hipnose clínica.
A calma e segurança dos pais quando os episódios de sonambulismo acontecem são muito importantes para a estabilização dos mesmos nas crianças, uma vez que o stress poderá potenciar mais crises.
A informação presente neste artigo não pretende, de qualquer forma, substituir as orientações de um profissional de saúde ou servir como recomendação para qualquer tipo de tratamento.
Assim sendo, perante qualquer incómodo, aconselhamos que se desloque ao seu médico assistente a fim de obter o diagnóstico e tratamento adequado.