Porque pode ser importante conhecer o sexo do bebé do ponto de vista clínico?
Encontramos a resposta a esta questão num artigo publicado no O Primeiro de Janeiro, em entrevista à Professora Doutora Ana Teresa Almeida Santos.
Os avanços da investigação científica permitem, nos nossos dias, viver uma gravidez mais tranquila e consciente e uma intervenção médica ou preparação precoce dos pais para a aceitação da doença genética transmitida ao bebé.
Em que consiste este teste?
Segundo este artigo, através da deteção de sequências do cromossoma Y (apenas existente nos fetos do sexo masculino) que permite identificar os fetos deste mesmo sexo mesmo antes de a ecografia o revelar.
Este teste consiste na deteção, no sangue materno, de sequências específicas do cromossoma Y, que é o cromossoma responsável pela determinação do sexo masculino. Naturalmente, este material específico do sexo masculino, não existe no sangue da mãe, por isso, se for identificado será obrigatoriamente de origem fetal.
Ainda segundo este artigo, o conhecimento do sexo fetal permite aos pais ficarem tranquilos quanto ao fato de os bebés do sexo feminino não virem a ser afetados por doenças ligadas ao sexo existentes na família ou, na vertente oposta, iniciarem o mais cedo possível um processo de diagnóstico de alterações (mutação) específica do ADN que apenas existirá em metade dos fetos do sexo masculino. Assim, elimina-se a angústia em 75 por cento dos casos e permite-se uma intervenção ou preparação precoce para a aceitação da doença nos restantes 25 por cento dos casos.
Este teste é útil em todas as situações de doenças hereditárias ligadas ao sexo e que apenas se manifestam nos rapazes, como é o caso de algumas distrofias musculares, de algumas situações de atraso mental grave e das hemofilias. Também, na circunstância particular da existência de uma doença hereditária na família, como a hiperplasia congénita da suprarrenal, há necessidade de administrar durante a gravidez tratamentos para evitar o desenvolvimento de anomalias se o feto for do sexo feminino mas não se este for um rapaz.
Assim, a realização de um teste deste género permite iniciar mais precocemente um tratamento ou evita a sua administração até que a ecografia tenha demonstrado o sexo fetal, o que normalmente só ocorre depois das 14 semanas de gestação.
Fonte: Artigo Diagnóstico e métodos avançados de diagnóstico. Entrevista à Professora Doutora Ana Teresa Almeida Santos, Diretora do Serviço de Genética Médica e Reprodução Humana dos Hospitais da Universidade de Coimbra e da Clínica Universitária de Genética da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra. Em O Primeiro de Janeiro, 25 de julho de 2007.