A histerectomia é um procedimento cirúrgico que consiste na remoção do útero. Dependendo do tipo de problema, durante este procedimento podem ainda ser removidos outros órgãos, como o colo do útero e trompas.
Após a realização de uma histerectomia, a mulher não poderá nunca mais engravidar. Isto deve-se ao facto de deixar de ter período menstrual após a cirurgia. Por isso, este procedimento é, normalmente realizado em último recurso, após outros tratamentos menos invasivos não terem surtido efeito. No entanto, o tratamento de um cancro ginecológico geralmente envolve este procedimento.
A histerectomia é mais frequente em mulheres na faixa etária dos 40 aos 50 anos de idade. Como é uma operação de grande porte, requer um longo período de recuperação. Normalmente requer um internamento que pode ir até 4 ou 5 dias, seguido de várias semanas de recuperação em casa.
Em que casos é necessária esta cirurgia?
Este tipo de procedimento cirúrgico ginecológico é efetuado, pois, no caso de problemas no sistema reprodutor feminino, tais como:
- Períodos menstruais muito abundantes
- Dor pélvica de longa duração
- Fibroides (tumores benignos que se desenvolvem no útero)
- Prolapso uterino (patologia que resulta da perda dos suportes vaginais e pélvicos através do canal vaginal)
- Endometriose (patologia em que o endométrio – revestimento interno do útero- se desenvolve na parte exterior da cavidade uterina)
- Adenomiose (patologia em que ocorre um espessamento dentro das paredes do próprio útero)
- Doença inflamatória pélvica (patologia grave dos órgãos reprodutores)
- Cancro ginecológico (do ovário, do útero, do colo do útero ou dos tubos de Falópio)
Quais são os tipos de histerectomia?
Existem vários tipos de histerectomia. Estes devem-se, com efeito, ao tipo de problema e gravidade do mesmo. Assim, a mulher poderá ter o útero parcialmente removido. Contudo, em casos extremos, a cirurgia pode incluir a remoção tanto do útero todo de outras estruturas adjacentes. Os tipos de histerectomia principais são, pois:
Subtotal – a histerectomia subtotal consiste na remoção do corpo do útero, deixando intacto o colo do útero.
Total – remoção do útero e do colo do útero; este é o tipo de histerectomia mais frequentemente efetuado.
Radical – envolve a remoção do útero, o colo do útero, as trompas de Falópio, parte da vagina, ovários, assim como os tecidos que rodeiam essas estruturas. Este tipo de cirurgia é normalmente realizada quando há um cancro ginecológico.
Formas de realizar uma histerectomia
Existe mais do que uma forma de levar a cabo uma histerectomia. Todas as formas de efetuar este procedimento cirúrgico requerem anestesia local ou geral. Se a mulher recebe«anestesia local, o corpo fica adormecido da cinta para baixo e a paciente mantém-se desperta durante toda a cirurgia. Neste caso pode receber ainda um sedativo para se sentir relaxada e sonolenta.
Por outro lado, a doente pode receber anestesia geral, a qual, como se sabe, a manterá adormecida durante todo o procedimento.
Seguem-se quatro métodos de efetuar uma histerectomia. Três destes métodos são cirurgias minimamente invasivas e portanto requerem menos tempo de internamento e recuperação:
Abdominal
Também conhecida como “via aberta”, este tipo de histerectomia consiste na remoção do útero através de uma incisão grande no abdómen. A incisão pode ser no sentido longitudinal ou transversal. Ambos os tipos de incisão tendem a cicatrizar bem e a deixar poucos vestígios de cicatrizes. O cirurgião tem acesso direto ao útero e é semelhante a uma cesariana. Esta forma de cirurgia mais invasiva requer cerca de 4 dias de internamento e 6 semanas de recuperação.
Vaginal
Cirurgia minimamente invasiva, em que é feito um corte na vagina, através do qual o cirurgião remove o útero. O corte é depois fechado, não deixando qualquer cicatriz à mostra. O internamento costuma ser de 2 dias para este procedimento, seguido de 2 a 3 semanas de recuperação.
Laparoscópica
Também uma cirurgia minimamente invasiva, é feita com um instrumento minúsculo chamado laparoscópio. O laparoscópio consiste num tubinho comprido e fino com uma luz de alta intensidade e uma câmara de alta resolução na frente. Este é inserido através de pequenos cortes no umbigo ou vagina. O útero é cortado em pequenos segmentos, que são posteriormente retirados um a um. Este procedimento requer 2 dias de internamento e 2 a 3 semanas de recuperação.
Robótica laparoscópica
Semelhante a uma histerectomia laparoscópica, mas efetuada através de um sofisticado sistema robótico de instrumentos cirúrgicos a partir do exterior do corpo, em vez do laparoscópio. O cirurgião tem acesso a uma tecnologia tão avançada que consegue usar os seus movimentos naturais do pulso. O procedimento é visualizado através de um ecrã com imagens tridimensionais. A duração de internamento e recuperação são semelhantes aos dos dois procedimentos anteriores.
Quais são os riscos?
De modo geral, a histerectomia é considerada uma intervenção cirúrgica segura. Contudo, convém não esquecer que esta é uma cirurgia de grande porte. Por isso, à semelhança de todas as cirurgias de grande porte, há sempre riscos a considerar. Vejamos, pois, alguns dos riscos:
- Hemorragia grave
- Reação adversa à anestesia
- Infeção na área da cicatriz
- Complicações urinárias e intestinais
Como é a recuperação?
Após a cirurgia, terá, como mencionado acima, que ficar no hospital entre 2 e 5 dias. Será encorajada a caminhar assim que for possível. Caminhar previne a formação de coágulos sanguíneos nas pernas. Se tiver feito uma histerectomia vaginal irá ter hemorragia vaginal durante alguns dias, pelo que terá que usar proteção.
Após voltar para casa do hospital, é importante que continue a caminhar, dentro de casa ou na vizinhança. Há ainda algumas atividade que deve evitar durante o período de recuperação:
- Baixar-se
- Pegar em objetos pesados
- Puxar ou empurrar objetos como o aspirador
- Relações sexuais
Como fica o corpo da mulher após uma histerectomia?
Após uma histerectomia, irá deixar de ter períodos menstruais. Assim, não poderá mais engravidar. Contudo, o apetite sexual mantém-se inalterado pelo que após a recuperação poderá voltar à sua vida sexual normal. É provável que experiencie a menopausa numa idade mais precoce.
Se no entanto a cirurgia tiver incluído a remoção dos ovários, irá entrar imediatamente na menopausa. Poderá, pois, sentir os sintomas típicos como afrontamentos, diminuição da libido, secura vaginal, alterações de humor e insónia. Assim, poderá ser preciso iniciar uma terapia de reposição hormonal para reduzir os sintomas característicos da menopausa.
A informação presente neste artigo não pretende, de qualquer forma, substituir as orientações de um profissional de saúde ou servir como recomendação para qualquer tipo de tratamento.
Assim sendo, perante qualquer incómodo, aconselhamos que se desloque ao seu médico assistente a fim de obter o diagnóstico e tratamento adequado.
Referência: National Health System UK; Healthline; Web MD