Muitas mães afirmam já conhecer o seu bebé muito antes do nascimento. Várias pesquisas apontam para o facto de o apego da mãe pelo seu bebé, e o inverso, se iniciar muito antes do nascimento.
Apego: um sentimento que nasce na barriga da mãe
Ao longo da gravidez, o feto tem vivências e é moldado pelas experiências da mãe. Quando a mãe fica nervosa com alguma coisa, o bebé reage, como se estivesse em sintonia com as emoções maternas.
O bebé reage a estímulos externos
O bebé reage à música, a uma luz intensa e súbita projetada em direção ao ventre, a um dedo que o aperta ou a ruídos altos, por exemplo, prova de que está atento ao que se passa no mundo exterior. A monitorização dos movimentos fetais e do seu batimento cardíaco permitem confirmar estas observações.
Nos últimos meses da gravidez, o feto responde a muitos estímulos diferentes, como às carícias através do ventre, à música ou quando a mãe fala com ele para o confortar.
Mas o bebé também reage de forma diferente consoante o tipo de estímulo:
- Uma luz forte apontada contra a parede abdominal provoca um movimento súbito; uma luz suave faz com que se vire na sua direção;
- Um som alto e agudo produzido contra a parede abdominal provoca uma reação de susto; um ruído suave e constante, leva o feto a virar-se em direção a ele, como que para escutar atentamente.
O feto já vê, ouve e responde ao toque durante a gravidez. Em certos momentos, os movimentos da mãe desencadeiam uma reação de susto no feto, que tende a mover-se em sincronia com ela, enquanto corre ou caminha.
Da mesma forma, a mãe depende dos movimentos do filho para perceber se ele está bem. A partir da 28ª semana da gestação, aconselha-se o inicio do registo dos movimentos fetais.
Diferentes estados de consciência
Ainda no útero, o feto tem diferentes estados de consciência que oscilam entre sono profundo, sono leve (ou sono REM – rapid eye movement) e desperto. Gradualmente, a mãe consegue perceber o grau de atividade do seu bebé:
- No sono profundo, o bebé está quieto e relativamente não-responsivo, movimentando-se ocasionalmente.
- No sono leve, existem mais movimentos. A mãe pode sentir estes movimentos, que parecem soluços. O bebé pode estar tranquilo e movimentar-se subitamente e é pouco responsivo aos estímulos externos.
- Quando está desperto, o bebé tende a movimentar-se bastante. Os movimentos podem ser lentos ou mais ativos e vigorosos.
Estas observações permitem demonstrar que o bebé vivência determinadas experiências dentro do ventre e reage a elas de forma diversa. Quando nasce, o bebé é capaz de reconhecer a voz da mãe e vira o rosto na sua direção se esta o chamar. Assim, percebemos que as experiências importantes e o apego entre mãe e filho se iniciam muito antes do nascimento.
O vínculo é um processo contínuo. O apego, a relação com o bebé vai-se construindo ao longo do tempo, desde que o casal concebe e prolongando-se por toda a vida. A relação e o intercâmbio que se estabelece entre pais e bebé, envolve todos os aspetos do desenvolvimento: afeto, alimentação, segurança, entre outros.
Como se sente o bebé nos primeiros 3 meses de vida?
O 4º trimestre da gravidez
O Dr. Harvey Karp, pediatra norte-americano e especialista em desenvolvimento infantil refere-se a este período de adaptação como quarto trimestre, e ensina os pais a recrear o ambiente uterino que o bebé ainda quer, para o acalmar e reconfortar quando chora persistentemente e sem motivo aparente. Serão saudades da intimidade do ventre materno?
Embrulhar o bebé, embalá-lo e pegar-lhe ao colo, reproduzir o som “shhhhhhhhh” ao seu ouvido, dar de mamar e mimar o bebé são apenas algumas da técnicas que farão o bebé recordar o aconchego e os barulhos que estava habituado a ouvir no útero materno, ajudando-o a relaxar.
Bibliografia: O Desenvolvimento do Apego – Uma família em formação, T. Berry Brazelton; O Bebé Mais Feliz do Mundo, Harvey Karp, Livros d’Hoje, 2014