Atualmente, estima-se que ocorram 600 000 mortes maternas, das quais 99% em países em desenvolvimento. [1]
Face à gravidade do problema, a Organização Mundial da Saúde [OMS] apresentou o partograma modificado com o objetivo de melhorar a qualidade da assistência no trabalho de parto e, desta forma, reduzir a morbilidade e a mortalidade materna e fetal.
Partograma
O que é o partograma?
O partograma é uma representação gráfica do trabalho de parto e um recurso visual para analisar a dilatação cervical (observação mais importante para avaliar a progressão do trabalho de parto) e a descida (apresentação) da cabeça do feto.
“O partograma é um instrumento de registo de todas as observações feitas à mulher em trabalho de parto cujo principal destaque é o registo gráfico da dilatação do colo do útero avaliada durante o exame vaginal.
O partograma da OMS foi revisto e modificado, para tornar mais fácil o seu uso. A fase latente foi removida e o registo no partograma começa na fase ativa, quando o colo do útero atinge uma dilatação de 4 cm.” [1]
Objetivos da utilização do partograma
- Monitorizar a evolução do trabalho de parto para prevenir o parto prolongado e a paragem na progressão do parto;
- Monitorizar o bem-estar da grávida e do feto.
Informação registada no partograma
No partograma são registadas ao longo do tempo do trabalho de parto, os dados da parturiente e dados de saúde como:
Características do líquido amniótico
- Que é classificado como: claro (C); com sangue (S); com mecónio (M).
Frequência cardíaca do feto
- Registada de meia em meia hora para avaliar o estado do feto.
Moldagem da cabeça fetal ao canal de parto e cavalgamento das suturas e fontanelas
Critérios de avaliação: os ossos do crânio do bebé estão separados e palpam-se facilmente as suturas (0); os ossos tocam-se (+); há ligeira sobreposição dos ossos (++); há sobreposição marcada dos ossos (+++).
(Para saber o que são, para que servem e quando fecham as fontanelas).
Dilatação cervical
Cujo registo no partograma se inicia nos 4 cm após realização do toque vaginal. A observação da dilatação cervical é a mais importante para avaliar a progressão do trabalho de parto.
O toque vaginal deve ser reduzido ao mínimo necessário. O intervalo de avaliação deverá ser de quatro horas [1];
Parâmetros vitais maternos
Registo e interpretação dos valores da tensão arterial, pulso, temperatura axilar e dor. O registo é feito no momento da admissão da grávida no hospital / maternidade e, posteriormente, de 4 em 4 horas.
Na presença de fatores de risco como hipertensão arterial, febre / risco de infeção materna ou dor, a avaliação poderá ser ajustada, podendo variar em intervalos de 15 minutos até 1 hora.
Segundo as indicações da Direção-Geral da Saúde, se não houver progressão da dilatação durante 4 horas, pode considera-se a indicação de cesariana por trabalho de parto estacionário. [2]
Registo das contrações uterinas
O registo das contrações uterinas obedece a dois critérios:
- O número de contrações em 10 minutos;
- A duração de cada contração.
O registo deverá ser feito de 30 em 30 minutos. Com a utilização da cardiotocografia, o registo das contrações é feito de forma permanente, tal como acontece com a frequência cardíaca fetal.
Como as opiniões divergem quanto à utilização do partograma, se quiser perceber mais sobre este tema e ter conhecimento de como será monitorizado o seu parto, converse com o seu médico nas consultas.
[1] Organização Mundial da Saúde – Parto Prolongado e Paragem na Progressão do Trabalho de Parto – Manual para professores de Enfermagem Obstétrica. Educação para uma maternidade segura: módulos de educação. – 2ª ed. 2005. Acedido a 26 de maio de 2017. Disponível em: http://apps.who.int/iris/bitstream/10665/44145/84/9248546668_3_por.pdf.
[2] Direção-Geral da Saúde – Orientação nº1/2015 de 19/01/2015 – Trabalho de Parto Estacionário. Acedido a 26 de maio de 2017. Disponível em: http://www.saudereprodutiva.dgs.pt/normas-e-orientacoes/gravidez/orientacao-n12015-de-19012015-trabalho-de-parto-estacionario.aspx
Bibliografia: Enfermagem de Saúde Materna e Obstétrica de Manuela Néné, Rosalina Marques, Margarida Amado Batista, Carlos Sequeira – LIDEL, Lisboa, 1ª edição impressa: outubro de 2016