O que é a trombofilia?
A trombofilia é caracterizada como um grupo de distúrbios da coagulação do sangue associados a uma predisposição a eventos trombóticos como trombose venosa profunda e embolia pulmonar potencialmente fatal.
Ou seja, a trombofilia é uma condição, e não uma doença, onde o sangue não circula como deveria nas veias o que contribui para o entupimento das mesmas.
O que é a trombose?
A trombose refere-se à formação de um trombo no interior do coração ou numa veia devido a dano, trauma ou infeção nas paredes da veia ou pela lentidão / estagnação do fluxo sanguíneo provocada por distúrbios da coagulação do sangue.
“Em média, 1 em cada 1000 mulheres sofre de uma trombose venosa profunda (TVP) durante a gravidez ou imediatamente após o parto.
A trombose venosa profunda é o que acontece quando se forma um coágulo de sangue no interior de uma veia, e é o tipo de coágulo mais comum a afetar as grávidas, geralmente, na perna.
Os sintomas da trombose venosa profunda incluem dor, sensibilidade e inchaço da perna, a qual poderá ficar azulada ou arroxeada. Se tiver alguns desses sintomas, informe o seu médico de imediato.” (1)
O que pode causar a trombofilia?
A trombofilia divide-se em 2 grupos:
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Trombofilia adquirida
A trombofilia adquirida pode ser desencadeada por diversos fatores de risco que aumentam a coagulação do sangue como uso de anticoncecionais à base de estrogénios, terapias de reposição hormonal (como as usadas para controlar os sintomas da menopausa), cirurgias, imobilização, voos de média e longa duração (mais de quatro horas) e gravidez.
Neste tipo de trombofilia, destaca-se a síndrome antifosfolípide, ligada à produção de um tipo de anticorpo que estimula a coagulação.
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Trombofilia hereditária
A trombofilia hereditária refere-se ao distúrbio venoso ligado a fatores genéticos que provocam um desequilíbrio nos fatores de coagulação. Neste caso, importa estudar a história clínica da mulher e da família antes de engravidar.
Se houver história familiar de enfarte, acidente vascular cerebral (ACV) ou morte súbita antes dos 50 anos, deve ser estudada uma eventual relação com a trombofilia.
Trombofilia na gravidez
O sucesso da gravidez depende das trocas corretas de nutrientes e oxigénio entre o útero e a placenta, estrutura que está completamente formada por volta do final do 1º trimestre da gravidez.
A trombofilia dificulta o bom funcionamento da placenta, o que traz riscos para o feto. Como o sangue fica mais espesso, as veias da mãe podem entupir ou o sangue não circular como devia para a placenta. Isso reduz o aporte de nutrientes e oxigénio que chegam ao bebé comprometendo o seu normal desenvolvimento.
Complicações gestacionais que podem decorrer da trombofilia
A trombofilia, devido às consequências graves que pode assumir, pode colocar em risco a saúde da mãe e a própria continuação da gestação. Esta situação pode estar na origem de complicações gestacionais como:
- Insuficiência placentária;
- Restrição do crescimento fetal porque não recebe o alimento e oxigénio necessários ao seu desenvolvimento normal;
- Aborto espontâneo tardio (2º ou 3º trimestres);
- Morte fetal;
- Embolia pulmonar da mãe.
Gravidez e fatores de risco de trombofilia
A gravidez pode contribuir para o aparecimento ou agravamento de alguns fatores de risco:
- Quando há um aumento dos fatores de coagulação do sangue;
- Porque o volume de sangue em circulação no corpo da mãe aumenta para satisfazer as necessidades do bebé;
- Há um aumento da pressão e do peso sobre as pernas, particularmente, no 3º trimestre.
Se sentir uma dor persistente na perna e / ou tiver outros sintomas, como o inchaço da perna, contacte o seu médico de imediato pois poderá ser sinal de trombose venosa profunda.
Medidas preventivas
- Usar meias elásticas;
- Fazer terapêutica anticoagulante;
- Praticar regularmente exercício físico adequado;
- Beber muita água para evitar a desidratação;
- Fazer uma alimentação equilibrada;
- Controlar o aumento de peso;
- Descansar / dormir com as pernas elevadas em relação ao coração;
- Evitar viagens longas de avião (devido à pressão atmosférica);
- Controlo clínico e obstétrico regular;
- Não fumar;
- Se sofre de varizes na gravidez deve aconselhar-se com o seu médico sobre as melhores medidas preventivas a adotar.
A informação presente neste artigo não pretende, de qualquer forma, substituir as orientações de um profissional de saúde ou servir como recomendação para qualquer tipo de tratamento.
Assim sendo, perante qualquer incómodo, aconselhamos que se desloque ao seu médico assistente a fim de obter o diagnóstico e tratamento adequado.
Bibliografia:
– Manuela Néné, Rosalina Marques, Margarida Amado Batista, Carlos Sequeira – Enfermagem de Saúde Materna e Obstétrica. LIDEL, Lisboa, 1ª edição impressa: outubro de 2016
– (1) Hollie Smith – A Bíblia de Bolso da Gravidez, Edição Livros Horizonte , junho de 2013
– Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Gestação de alto risco: manual técnico / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. – 5. ed. – Brasília : Editora do Ministério da Saúde, 2012. 302 p. – (Série A. Normas e Manuais Técnicos)