Na maioria das mulheres, o útero é inclinado para a frente (antroflexão) mas, raramente, pode inclinar-se para trás, situação denominada como útero invertido ou útero retroverso.
O útero invertido não é uma anomalia mas uma simples característica anatómica. Contudo, quando o útero invertido se deve a condição ginecológica como a doença inflamatória pélvica ou a endometriose, poderá haver maior dificuldade em conceber.
Útero invertido e gravidez
O útero é um órgão oco, alojado entre a bexiga (à frente) e o reto (atrás), com paredes constituías por tecido muscular espesso. Após a fecundação do óvulo pelo espermatozoide, é no útero que o ovo fertilizado se aloja e onde se desenvolve o bebé até ao nascimento.
A parte inferior do útero abre para a vagina (colo do útero) e nos cantos ligam-se as duas trompas de Falópio, na extremidade das quais se situam cada um dos ovários.
O interior da cavidade uterina é revestida por uma mucosa (o endométrio), que se renova todos os meses, durante a idade fértil da mulher, com o período menstrual e caso não haja uma fecundação bem sucedida.
Útero invertido: o que é?
Útero invertido refere-se à condição em que o útero, normalmente inclinado para a frente, está inclinado para trás. Cerca de 1 em cada 5 mulheres é afetada por esta malformação não sendo considerada uma situação médica alarmante.
O útero invertido pode ter causa genética ou dever-se a uma mudança no posicionamento do útero numa gravidez complicada.
Fonte: http://www.consultant-gynaecologist.co.uk/
Causas do útero invertido
Existem vários fatores de risco que podem estar na origem da inversão uterina, como:
- Partos anteriores;
- Cordão umbilical curto;
- Placenta acreta;
- Anomalias congénitas;
- Fraqueza do útero;
- Trabalho de parto prolongado;
- Doenças uterinas.
Sintomas do útero invertido
Na maioria dos casos, a inversão uterina não apresenta sintomas. Quando há sintomas, estes, normalmente, consistem em:
- Dor nas relações sexuais;
- Dor extrema no período menstrual;
- Dores na coluna;
- Dor ao urinar;
- Infeções urinárias;
- Incontinência urinária;
- Dificuldade em usar tampões.
Útero invertido e gravidez
O útero invertido não é uma anomalia mas uma simples característica anatómica e não afeta a fertilidade das mulheres nem representa qualquer complicação para uma gravidez normal.
A principal consequência na gravidez é a acentuação da dor na coluna à medida que o tamanho do útero aumenta e pressiona os nervos ou outras áreas sensíveis.
Contudo, quando o útero invertido se deve a condição ginecológica como a doença inflamatória pélvica ou a endometriose, a mulher poderá ter mais dificuldade em conceber. Por outro lado, a dor durante as relações sexuais também ser diminuir a probabilidade de engravidar por inibição da mulher.
Útero invertido e parto normal
Por norma, o útero invertido não significa que a mulher não possa ter um parto normal, por via vaginal uma vez que a ligação com o canal de parto não é afetada. Se o parto se tornar num problema, a cesariana pode ser a forma mais fácil e segura de fazer o nascer o bebé.
Não raramente, o útero adota uma posição mais próxima do normal no decorrer da gestação o que acaba por facilitar a possibilidade de parto normal.
Útero invertido durante o trabalho de parto
Durante o parto, muito raramente, o útero pode vira-se se a placenta estiver firmemente ligada às paredes uterinas e o médico puxar com força excessiva ao tentar remove-la na 3º e última fase do trabalho de parto.
Nesta situação, a inversão do útero é uma emergência médica que exige tratamento imediato. O médico recoloca manualmente o útero na sua posição normal. São administrados medicamentos para alivio da dor e anestesia geral, se necessário. Ocasionalmente, poderá ser necessário realizar um procedimento cirúrgico para voltar a colocar o útero na sua posição natural.
Tratamento do útero invertido
A retroversão uterina pode ter diferentes graus de gravidade consoante a posição do útero (inversão total, inversão completa, inversão prolapsada, inversão incompleta). Assim, o tratamento será avaliado caso a caso segundo a observação do posicionamento do útero, das queixas da mulher e das causas que lhe estão associadas.
Inflamação ou infeção por doença
Se a causa for uma doença como a doença inflamatória pélvica ou a endometrite é realizado o tratamento adequado para combater a doença.
Exercícios pélvicos
Os exercícios pélvicos podem ser aconselhados nas situações em que o útero é colocado na posição normal manualmente. Não obstante, a eficácia dos exercícios pélvicos para ajudar a manter o útero no seu devido local não é consensual entre os especialistas.
Pessário
Colocação temporária ou permanente de um dispositivo de plástico ou silicone para ajudar o útero a permanecer virado para a frente. No entanto, esta técnica tem risco aumentado de infeção e inflamação uterinas e pode causar dor e/ou desconforto para a mulher durante as relações sexuais.
Cirurgia
Para reposicionamento, por laparoscopia (técnica cirúrgica pouco invasiva que permite fazer procedimentos cirúrgicos na cavidade abdominal e pélvica), do útero sobre a bexiga.