Menino de 11 anos suicida-se. Como é possível?
Este post não tem imagem… procurei, procurei mas não encontro nada que possa ilustrar uma coisa tão triste.
Desde que tive filhos passei a não parar em notícias que falam de violência em crianças ou que sofrem. É uma cobardia, eu sei, mas não consigo. Ontem ao passar os olhos nas notícias de um jornal, uma palavra prendeu-me: bullying.
Uma criança espanhola de 11 anos suicidou-se e suspeitam de bullying. Parei, porque tenho um filho de 9 anos e procuro perceber os sinais, tentar compreender, se é que se consegue, que uma criança pode estar a ser vítima de alguma coisa ou de alguém. Eu acredito que sim, que podem ser subtis, mas que existem sempre alguns sinais.
O menino deixou uma carta onde se justifica e pede desculpa aos pais e onde diz que não consegue aguentar o colégio e que o suicídio é a única saída. E pergunto-me. Será que se o meu filho estivesse a passar um drama destes eu não me aperceberia? Será possível uma criança estar tão angustiada e ninguém à sua volta perceber?
“Papá, mamã… espero que algum dia me possam odiar um pouco menos. Eu não aguento mais ir ao colégio e não há outra maneira de não ir (…). Papá, tu ensinaste-me a ser uma boa pessoa e a cumprir promessas (…). Mamã, tu cuidaste muito de mim e levaste-me a muitos sítios (…). Tata (irmã), aguentaste muitas coisas por mim e pelo papá. Avô, tu sempre foste muito generoso e preocupaste-te comigo“. (in jornal “EL Mundo”).
Agora, os sinais:
- O menino não queria ir para a escola;
- O menino esteve afónico 4 meses e os médicos suspeitaram de abusos físicos;
- Existem queixas de outros pais;
- Naquele mesmo colégio, uma menina suicidou-se em 2010 e deixou escrito no seu diário que era agredida e que os professores aprovavam os atos de violência porque que isso a “tornava mais forte“.
Não percebo, eu sei que sou um bocado paranóica, é um facto. Não deixo que os meus filhos percebam, mas estou sempre em “cima” dos acontecimentos. A minha filha mais pequena ainda não me dá preocupações deste género (bullying), mas o meu filho com 9 anos já entrou “naquela idade mais crítica“.
Converso muito com ele, pergunto coisas em detalhe, questiono questões ou comportamentos que me pareçam duvidosos e estou, o mais possível, atenta aos sinais que possam sugerir que não está bem.
Acredito e valorizo as preocupações do meu filho, sempre. E tenho por princípio acreditar primeiro no que o meu filho me diz e só depois nos outros, sejam eles quem forem. Até à data, nunca precisei de intervir mas, se necessário, sei que vou até ao fundo da questão, sem qualquer problema ou melindre, independentemente de quem está do outro lado.
Não julgo ninguém, mas acho estranho que os pais não conseguissem perceber o desespero do filho. Uma criança de 11 anos suicidar-se é uma realidade que mais parece ficção. É por isso que não leio estas notícias… aquelas palavras da carta de despedida do menino não me saem da cabeça.
O caso foi arquivado por falta de provas.