Leonor, de 7 anos, Zé Maria, de 4 anos e Luísa de 2 anos, enchem a casa e o coração de Maria Ana Ferro, a autora de A Mãe Já Vai. No seu blog, Maria Ana partilha os seus pensamentos e reflexões sobre o dia-a-dia da mãe e da família. Formada em Marketing e Publicidade, trabalhou como copywriter, para agora se dedicar à “profissão” de mãe.
Que palavra escolheria para se definir enquanto mãe?
Apaixonada.
O que mudou na vida com a chegada dos seus filhos?
Mudou tudo. A ideia que eu tinha da vida, do amor, do que é importante. Mudaram os relacionamentos e mudou o corpo.
Tudo muda por muito que queiramos manter igual. É difícil continuar a ser a mesma pessoa quando se tem a nosso cargo uma pessoa, dependente e que temos que cuidar, proteger, amar.
Qual é para si o maior desafio na vida de uma mãe?
Estar em todas as frentes e estar bem consigo mesma, com os outros e no seu casamento. Conseguir conciliar as várias vidas que se misturam sem darmos por isso e que depois se confundem. Arranjar tempo e espaço para manter um equilíbrio saudável como mãe, mulher, dona de casa, profissional, etc. Encontrar disponibilidade interior para todas as exigências da maternidade.
Conte uma história caricata, que tenha marcado a sua maternidade até agora.
Quando a Leonor nasceu eu fiquei hipnotizada por ela. Lembro-me de fazer um esforço em não fechar os olhos para não perder pitada daquelas primeiras horas de vida. O meu parto foi simples e rápido mas tive muitas dores logo depois e não consegui levantar-me nem dar banho… Então levei-a para a minha cama e fiquei ali com ela colada a mim.
A meio da noite veio uma enfermeira “zangar-se” comigo e alertar-me para todos os perigos. Acenei e o meu marido tirou-a da minha cama para a voltar a pôr assim que a enfermeira virou costas.
Foi a minha primeira decisão de mãe perante outras pessoas. Soube que a partir dali teria sempre que decidir conforme os nossos instintos de pais e umas estar certo e outras vezes estar errado.
Em que momento decidiu criar o “A Mãe Já Vai”?
Fui convidada a fazer um blog pelo meu Personal Trainer e mostrar como era possível conciliar a maternidade com o exercício físico e uma vida saudável. Cedo percebi que as pessoas queriam saber mais do que se passava na minha maternidade. E o blog começou a ser mais pessoal e mais dirigido a esse público.
Como descreveria o “A Mãe Já Vai”, para quem não o conhece?
O blog é um espelho dos meus pensamentos e dos meus desafios como mãe e mulher. A base é a maternidade, a família e os seus desafios mas falo do que me vai na alma.
O meu objectivo número um é que a pessoa que me lê pense que afinal não está sozinha, que é normal sentir isto ou aquilo e que não temos que ter vergonha de falhar e de ter medos. Faz parte. Às vezes escrevo a medo que ninguém se identifique e quando alguém me diz que sente exactamente o mesmo também eu me sinto menos sozinha. É uma relação muito equilibrada.
Uma coisa boa e uma coisa menos boa que o “A Mãe Já Vai” tenha trazido.
A melhor coisa, as pessoas. A relação que vamos criando com pessoas e também marcas – que são pessoas – que acompanham o nosso dia a dia.
Perceber que todas as pessoas têm uma história. As pessoas perdem do seu tempo a enviar uma mensagem, escrever um comentário. Tenho muita sorte com as pessoas que seguem o meu blog. Nunca tive um problema.
Uma menos boa para mim é claramente a pressão de partilhar todos os dias mesmo quando não há nada para dizer. Até agora tenho conseguido respeitar esses meus tempos e também da minha família. Há dias em que não publico nada. E isso não é necessariamente mau, antes pelo contrário. Não gosto de encher chouriços com conteúdo, só escrevo quando alguma coisa em mim acontece. E às vezes ando só por aqui. Na nossa.
Que conselho gostaria de deixar a quem está prestes a ser mãe?
Sou incapaz de dar conselhos às mães. A não ser que mos peçam. Foi uma coisa que aprendi com a minha própria experiência.
Confiar nos instintos, ouvir o seu bebé, passar tempo só com ele, respeitar os seus tempos. É assim que crescemos como mães, com os nossos bebés. A experiência de outras mães pode ser eficaz em questões mais pontuais mas nunca ninguém vai conhecer tão bem um bebé como a sua mãe.
Ao início é difícil seguir os nossos instintos porque tudo é novo e confuso e ainda não estamos completamente seguras desse novo papel e falhamos algumas vezes mas na grande maioria dos casos o instinto é certeiro.
Ouçam o vosso coração sempre, peçam ajuda caso sintam não conseguir segurar todas as pontas e colem-se ao vosso bebé. As fases mais difíceis no presente são aquelas de que mais temos saudades no futuro.
Obrigada Maria Ana!