Elisabete Muga é formada em design industrial, carregadeira e criadora da Bô! Slings, uma marca de porta-bebés de tecido (inclui também acessórios de modo com os mesmos materiais). Para além da Bô! Slings, a Elisabete é também mãe do Vicente de 6 anos, da Eduarda de 4 anos e do António de 2 anos.
Para quem não conhece a Bô! Slings, como descreveria?
Ui… ora, a Bô! Slings é uma marca portuguesa de porta-bebés ergonómicos. Assim, curto e direto… Mas é um bocadinho mais do que isso! É uma espécie de família (as #bôslingueiras) que partilham um gosto comum (carregar), que se revêem na forma de educar os filhos (proximidade, afeto, positivismo) e que gostam de coisas portuguesas, simples, genuínas e únicas.
A Bô! Slings nasceu antes ou depois de ser mãe? Como surgiu a ideia?
Depois! Bem depois! só conheci o babywearing quando tive o meu 3º filho. Tinha partido um pé durante a gravidez, tinha uma de dois anos que fugia e não confiava nem em mim nem no meu pé… entrei para a comunidade do babywearing em Portugal, apaixonei-me e viciei-me nisto!
Criei um blog de reviews, testei tudo (porta-bebés de pano tecido) o que podia. Percebi que havia uma ânsia nacional de ter porta-bebés de tecido feitos cá. Eu sou designer industrial, conhecia os processos têxteis por alto mas decidi aprofundar. Fiz uma pôs-graduação em empreendedorismo na indústria têxtil e… arrisquei!
Como conciliou o trabalho e a maternidade?
Graças a uma rede familiar fenomenal: a minha mãe e o meu marido. Sem eles não tinha conseguido. Ia duas vezes por semana a Famalicão para a pôs-graduação. Nunca me disseram para não o fazer. O meu marido acredita em todas as minhas ideias disparatadas e dá-me uma visão objetiva e realista que às vezes me falta! A minha mãe franze o sobrolho, mas nas minhas costas diz que os panos são o máximo!
Quais foram os maiores desafios enquanto mãe empreendedora?
Ser levada a sério. Quando quis começar a produzir em Portugal, todas as fábricas fecharam as portas. Não há interesse em produção nacional de pequena escala. Só queremos mercados internacionais e metragens surreais! A maior limitação é aquela que o nosso próprio país nos impõe, enquanto pequenas empresas.
Ser empreendedor é “cool”, está na moda, mas não estamos preparados para isso. Eu recebo um ordenado fictício. Desconto sobre esse ordenado que nunca vou receber… o meu rendimento fictício vai aumentar e eu vou perder benefícios fiscais, porque ficticiamente estou mais rica!
O desafio é mesmo esse. É muito giro ser empreendedor, mas não é realista se estivermos sozinhos.
Onde gostava de chegar com a Bô! Slings? O que lhe falta alcançar?
Humildemente, gostava de ser uma marca reconhecida a nível nacional pelos nossos valores. Mas sobretudo de ver pessoas a praticar babywearing com maior regularidade. Se o babywearing se tornar numa coisa normal e não numa moda ou movimento então a Bô! Slings, enquanto marca, também vai crescer com o mercado.
E entre a mãe, a empreendedora, onde fica a mulher?
A mulher está bem! Está otima! O babywearing ajudou-me muito a voltar a gostar de mim. E exijo isso a mim própria. Gosto de sair à noite, gosto de fazer tatuagens, gosto de fumar o meu charuto, beber uns copos e almoçar com miúdas giras! Gosto das mesmas coisas que gostava antes de ter os meus 3 filhos e neste momento consegui voltar a fazê-las! Acho que essa parte é provavelmente a mais difícil: não nos perdermos enquanto mulheres, quando somos tantas outras coisas…
Um conselho para quem é mãe e gostaria de criar o seu próprio negócio.
Só um?? Não consigo!!! Deixo 2: seja humilde, mas persistente! Humildade, porque há sempre alguém melhor que nós, que faz o mesmo que nós e melhor que nós há mais tempo do que nós… Persistência, porque muitas vezes não acreditam em nós e são mais as portas que se fecham que aquelas que se abrem!
Obrigada Elisabete!