Antónia Gomes é mãe de um rapaz de 13 anos e a mente criadora por de trás da Branco Chá, uma marca de artesanato. Aos 8 anos Antónia recebeu uma boneca e passava tardes a fazer roupas para ela dos restos de tecidos que trazia da costureira da sua mãe. A reutilização e personalização das peças de roupa foram sempre uma constante e foi assim que ficou adepta das peças únicas e feitas à mão.
Para quem não conhece a Branco Chá, como descreveria?
Uma marca que agarra uma peça da tradição portuguesa como a tapeçaria e dá-lhe um novo valor. Para isso aproveita a sabedoria das artesãs locais que já estão habituadas a trabalhar com desperdício têxtil. Ao conhecimento das costureiras locais, junta criatividade e muita paixão e cria sacos que respeitam o planeta. Como todo o processo é feito localmente, torna a Branco Chá uma marca sustentável.
A Branco Chá nasceu antes ou depois de ser mãe? Como surgiu a ideia?
A Branco Chá surgiu depois de ser mãe. Fiquei desempregada e as ideias para fazer acessórios de moda não paravam. Então, arregacei mangas e comecei a criar e confeccionar. Tive entretanto outros trabalhos pelo caminho. Há cerca de 1 ano e meio estava a perder a motivação, sentia que a marca precisava de algo mais, mas algo verdadeiro, algo da minha essência. Como procurava marcas sustentáveis para consumo, fez-me muito sentido transformar a minha marca numa marca sustentável. E, para isso, bastou-me afinar alguns fornecedores, pois já trabalhava bastante com excedentes de fábricas portuguesas.
Ganhei uma motivação extra e como sempre tive o sonho de transformar uma peça da tradição portuguesa. Confesso que achava que nunca iria conseguir, afinal está tudo inventado ou transformado pensava eu! Até que um dia a ideia apareceu, fiz testes, procurei artesãs e eis que surge o chamado “saco português”.
Como conciliou o trabalho e a maternidade?
O facto de trabalhar em casa permite-me estar mais perto do meu filho, poder acompanha-lo de outra forma. Quando era mais pequeno trabalhava fora de casa muitas vezes. Cheguei a estar fora 12 horas e até mais, lembro-me de ele me dizer “só pensas em trabalhar”. Na altura sabia que não havia alternativa, mas a verdade é que o tempo não se recupera, eles só crescem uma vez. A maior parte da minha agenda é organizada tendo como base os horários dele e assim tudo flui.
Quais foram os maiores desafios enquanto mãe empreendedora?
Os maiores desafios foram a disciplina. Com a falta de disciplina, muitas vezes o trabalho estava a fluir e chegava a hora de ir buscá-lo à escola. Esta interrupção num trabalho criativo é um corte grande. Agora sou muito disciplinada e dou por mim a pensar “Que Bom! Tenho 6 horas para trabalhar”!, porque quando vou para o atelier gosto de ficar horas seguidas sem cortes e nem sempre era possível. Hoje organizo-me nesse sentido. Depois, há muito trabalho paralelo que depende de mim, gestão de redes sociais, fotografias, finanças, comercial, mas quem corre por gosto não cansa! A questão económica, os negócios não dão lucro da noite para o dia e muitas vezes questionava-me se estaria a tomar a decisão certa, mas o facto de ter sempre o apoio do meu filho e marido ajudou muito.
Onde gostava de chegar com a Branco Chá? O que lhe falta alcançar?
Eu gostava que a Branco Chá e sua mensagem de consciência do nosso poder como consumidores, de preferirmos o que é Português e termos mais atitudes amigas do ambiente, fosse por esse Mundo fora. Adorava ver peças Branco Chá nos quatro cantos do mundo! Adorava que as pessoas se reconhecessem cada vez que encontrassem o nosso saco.
E entre a mãe, a empreendedora, onde fica a mulher?
Quando criei a Branco Chá já praticava yoga sámkhya e continuei, hoje chego a praticar 5 vezes por semana. Pratico meditação todos dias de manhã e agora comecei também a fazer journaling, acordo 1 horas antes do que é preciso para ter tempo para mim. A vida ensinou-me e o meu filho contribuiu muito para perceber que para se ser boa mãe, boa profissional, boa a amiga, boa esposa primeiro que tudo temos que estar bem connosco.
Um conselho para quem é mãe e gostaria de criar o seu próprio negócio.
O primeiro que tudo pensem num negócio que vos preencha, algo que gostem de fazer, algo que considerem relevante pois passamos muitas horas do dia no trabalho. Depois manter a persistência, porque surgem sempre muitos obstáculos e há algo que me lembro muitas vezes, os estudos indicam que maior parte das pessoas desistem do negócio quando estão a chegar ao sucesso, por mais estranho que pareça. Acreditar que quando se semeia, cuida-se, vai-se de certeza colher, assim como na natureza.
Conheça melhor a Branco Chá
Obrigada Antónia!
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