Ignacio López-Goñi, professor de Microbiologia da Universidade de Navarra, em Espanha, elaborou um artigo que demonstra 10 factos importantes e positivos sobre esta nova pandemia.
Na plataforma sem fins lucrativos The Conversation, o especialista escreveu um artigo no qual afirmou que estamos “a viver uma epidemia de medo”, recordando que o tema “é sério e é preciso informar o que está a acontecer, mas também é necessário que se saibam as boas notícias”.
Vejamos então 10 factos positivos sobre o Coronavírus
1. Conhecemos o agente infeccioso
Como Ignacio López-Goñi explica no artigo, “os primeiros casos de SIDA foram descritos em junho de 1981 e foram necessários mais de dois anos para identificar o vírus que causou a doença.”
No caso deste vírus, os “primeiros casos de pneumonia grave foram relatados na China a 31 de dezembro de 2019 e, a 7 de janeiro, o vírus já tinha sido identificado”, estando o seu “genoma disponível desde o dia 10 [desse mesmo mês]”.
Declarou ainda que já se sabe que este se trata de “um novo coronavírus do grupo 2B, da mesma família que o SARS, razão pela qual é denominado por SARSCoV2 [é designada por Covid-19].”
É certo também que sabemos agora que o vírus muda de sequência de mês a mês ou de dois em dois meses, mas graças à rapidez da identificação do primeiro genoma, é possível agora identificar novas sequências e genomas, podendo agir em conformidade com as alterações.
2. Existem testes para o detetar
Os testes para detetar portadores do vírus estão disponíveis desde 13 de janeiro.
Segundo o especialista em Microbiologia, “nos últimos meses, esse tipo de teste foi aperfeiçoado e a sua sensibilidade e especificidade” foram sendo alvo de reavaliações.
De acordo com a agência Bloomberg, a farmacêutica Roche conseguiu a aprovação, por parte da FDA, agência norte-americana para a regulação da comida e medicamento, de um teste que deteta 10 vezes mais rapidamente o vírus do que o modelo anterior, aquele que é até então utilizado.
3. Na China, a situação está a melhorar
Na última semana, a China anunciou o encerramento do último dos 16 hospitais temporários construídos na cidade de Wuhan, aquela que foi considerada o epicentro deste vírus (mas cujo ponto central é, de acordo com a OMS, agora na Europa).
“As fortes medidas de controlo e de isolamento impostas pelas autoridades chinesas estão a mostrar resultados”, ressalvou Ignacio. “O número de casos diagnosticados diminui a cada dia há já várias semanas”, concluiu.
Contudo, é importante relembrar que com o regresso, ainda que lento, à normalidade possível (uma vez que a cidade continua ainda de quarentena), a China tem verificado novos casos nos últimos dias. No entanto, trata-se de casos importados, ou seja, casos cujos agentes infecciosos viajaram já infetados de outro país para o local onde surgiram os primeiros relatos do vírus. Há que reforçar então a necessidade de parar e adiar as viagens, seja lá para onde for.
4. Aproximadamente 80% dos casos de Covid-19 são leves
Como já todos sabem, visto a informação estar a circular a uma velocidade incrível, a doença pode ser assintomática ou apresentar sintomas leves. O que não se sabia é que estes correspondem a cerca de 81% dos casos.
“Nos 14% restantes, [o vírus] pode causar pneumonia grave e em 5% pode tornar-se crítica ou até fatal”, escreveu Ignacio.
Ainda assim, há que ter em conta as populações de risco (idosos, grávidas, pessoas com problemas respiratórios ou outras patologias, como hipertensão, problemas cardíacos, diabetes, entre outros) e tomar as devidas medidas de proteção e segurança higiénica anunciadas pela Direção Geral da Saúde.
5. A taxa de recuperação é muito alta
Uma recente pesquisa realizada por uma equipa da Universidade de Johns Hopkins, em Maryland, nos EUA, constatou, num artigo publicado na passada sexta-feira, dia 13 de março, que 69779 casos de coronavírus confirmados recuperaram e 5088 sofreram complicações que levaram à sua morte.
A probabilidade de ser declarado o óbito devido à infeção por este vírus é, portanto, muito reduzida. Ainda assim, há que estar alerta aos sinais e à evolução dos sintomas.
6. Raros são os casos que afetam os mais novos
Em média, registaram-se 3% de casos em indíviduos cuja faixa etária se situa entre os 0 e os 20 anos. Vale a pena ressalvar que “a mortalidade entre os que têm menos de 40 anos é de 0,2%”.
Na população mais jovem, os “sintomas são tão leves que podem passar despercebidos”, declara Ignacio López-Goñi.
Porém, isto não quer dizer que não precisem de ter cuidados. Devem tê-los pelo vosso próprio bem e para que não infetem a população mais vulnerável.
7. Trata-se de um vírus que pode ser facilmente inativado
De acordo com o especialista espanhol, “o vírus pode ser inativado das superfícies com uma solução de etanol (álcool a 62-71%), peróxido de hidrogénio (água oxigenada a 0,5%) ou hipoclorito de sódio (alvejante a 0,1%), em apenas um minuto”.
8. Existem inúmeros artigos científicos sobre o assunto
“A existência de trabalhos preliminares sobre vacinas, tratamentos, epidemiologia, genética e filogenia, diagnóstico e aspectos clínicos mostram uma comunidade cientifica unida, aberta e que partilha o conhecimento”, escreveu o Ignacio López-Goñi.
9. Já foram criados protótipos de vacinas
Várias empresas por todos o mundo estão a reunir esforços na tentativa de encontrar uma fórmula para a criação de uma vacina contra este vírus.
Aliás, foi hoje, dia 18 de março, noticiado pela agência Lusa que a China tem já uma vacina pronta a ser testada.
De acordo com o microbiologista, prevê-se que os testes em seres humanos comecem em abril.
10. Diversos ensaios clínicos estão a ser desenvolvidos
Segundo as informações prestadas pelo especialista, há mais de 80 ensaios clínicos com antivirais usados no tratamento de outras infeções, com vista a verificar a sua taxa de eficácia no combate ao Covid-19.
“Um que já foi testado em humanos é o remdesivir, um antiviral de amplo espectro, ainda em estudo, que foi testado com relativo sucesso contra Ebola e SARS/MERS”, concluiu o professor de Microbiologia Ignacio López-Goñi.
Há ainda muito por fazer e sobre isso não restam dúvidas, mas estamos no caminho certo!