Os casos de hepatite aguda que estão a ser diagnosticados em crianças poderão ter origem num vírus bastante comum, que causa doenças respiratórias, o adenovírus. Uma estirpe deste vírus, aliada às consequências dos períodos de confinamento ou a eventuais sequelas da Covid-19, podem estar na origem do número crescente de casos, ainda que a causa permaneça por apurar.
A CNN Portugal noticiou que Meera Chand, líder do departamento de infecciologia da UK Health Security Agency, a entidade britânica equivalente à Direção-Geral da Saúde, afirmou que de acordo com os dados mais recentes, uma estirpe do adenovírus denominada F41.
Meera Chand, presente em Lisboa para o Congresso de Microbiologia e Doenças Infecciosas, admitiu que estão a ser investigadas outras potenciais causas para os casos de inflamação hepática que estão a afetar crianças.
A nível global já terão sido identificados quase duzentos casos de hepatite aguda pediátrica. Uma criança já morreu e dezenas de outras precisaram de transplantes do fígado. Portugal não tem ainda registo de qualquer caso de hepatite aguda de origem desconhecida, mas as autoridades garantem estar atentas.
Nas crianças afetadas não foi detetado nenhum dos vírus que costumam causar as hepatites A, B, C, D e E. As formas mais frequentes nas crianças são a hepatite A e a E pois são principalmente de transmissão fecal-oral.
O adenovírus não está normalmente associado a inflamações hepáticas, mas sob investigaçao está uma possível mutação do vírus. A pandemia poderá também ter tido alguma influência, uma vez que que os confinamentos sucessivos e outras restrições acabaram por resguardar as crianças.
Os mais pequenos estiveram menos expostos a vírus, o que pode resultar numa resposta imunitária desadequada ao alívio das medidas de prevenção para o contágio por Covid-19.
Segundo Meera Chand, 53 das crianças que foram diagnosticadas com hepatite aguda em Inglaterra, 75% tiveram teste positivo para infeção por adenovírus. E as infeções por adenovírus nas crianças inglesas entre os 12 meses e os quatro anos está nos níveis mais altos de sempre em comparação com os últimos cinco anos.
27 de abril 2022