Um aluno da Escola Básica 2/3 Luís de Camões, em Lisboa, está a ser impedido de regressar à escola, mesmo depois de testar negativo à Covid-19. A instituição exige um “atestado de cura”, que a Direção-Geral de Saúde diz não ser necessário.
O aluno impedido de ir à escola, que frequenta o 9º ano de escolaridade, não está a ter nenhum tipo de ensino. Os pais do aluno foram criticados pela escola por avisarem outros encarregados de educação que estariam infetados. O jovem acabaria também por contrair Covid-19.
Está em casa há três semanas. O estudante, Gabriel, fez o teste de despistagem, que já veio confirmar que está curado. A mãe enviou, na semana passada, os resultados laboratoriais para a diretora de turma, que respondeu dizendo que o aluno só entra nas instalações com um atestado de cura.
As autoridades não passam este tipo de documento, por não estar previsto na lei. Esta semana, Graça Freitas, diretora-geral da Saúde, garantiu bastar cumprir o periodo de quarentena, apresentar o teste negativo e estar assintomático, para um aluno poder regressar ao ensino presencial.
A própria regulamentação e plano de contingência do Agrupamento de Escolas Luís de Camões define que as pessoas são consideradas curadas quando apresentam ausência completa de febre e não apresentam outros sintomas durante três dias consecutivos ou então quando apresentam teste laboratorial negativo.
Em declarações à Agência Lusa, a mãe de Gabriel mostrou a troca de e-mails com a diretora de turma, em que era feito o pedido por este atestado, mesmo depois de ter enviado o resultado de teste à Covid-19 negativo.
O aluno perdeu todo o contacto com a escola e nem sequer está a ter apoio de forma remota. Não recebe notas nem trabalhos de casa.
O processo de envio de informação para as escolas, por parte das entidades de saúde, está a demorar cerca de uma semana, contou a mãe do aluno, para explicar os esforços que está a fazer para o Gabriel poder regressar à escola.
A mãe do jovem, Judit Soares, contactou o Centro de Saúde, ligou para o SNS24, tentou contactar a médica de família, mas todos os que responderam ao seu pedido de ajuda disseram que bastava o resultado do teste e que não iriam passar qualquer declaração.
Ainda assim, depois de estabelecidos todos os contactos, a escola manteve a mesma posição. Não permite o regresso de Gabriel e não se mostrou disponível para responder às perguntas dos jornalistas.
Judith Soares revelou também que a situação já não está a ser bem gerida pela escola desde que, por precaução, não enviou o Gabriel para as aulas e avisou os restantes pais da turma, através do grupo de Whatsapp que mantêm.
Judith diz que o seu filho está a ser prejudicado por um problema que os ultrapassa e revela ainda que o diretor da escola a acusou de lançar o pânico na escola.
15 de outubro 2020