A revista oficial da American Academy of Pediatrics (AAP) publicou um estudo recente que aponta o tratamento com células estaminais como uma ajuda na recuperação de crianças com Síndrome Inflamatória Multissistémica, a MIS-C. Esta síndrome, rara, surge na sequência da infeção por Covid-19.
A MIS-C é pouco comum, mas afeta as crianças como uma consequência de uma desregulação do sistema imunitário, após serem infetadas pelo novo coronavírus. Foi detetada pela primeira vez na Europa em 2020, sendo que a frequência de casos tem aumentado, paralelamente ao número de infetados pela Covid-19.
Apesar de a taxa de mortalidade da patologia ser relativamente baixa, esta requer internamento hospitalar e pode levar a consequências debilitantes e severas, como a falência de vários órgãos, em particular o coração, os pulmões e os rins.
Os sintomas mais comuns da MIS-C são febre alta persistente, erupções cutâneas, dores no corpo e conjuntivite. Nos casos mais graves pode ocorrer insuficiência cardíaca e possíveis consequências.
Estudo sobre papel de células estaminais
Para efeitos deste estudo, foram observadas duas crianças diagnosticadas com MIS-C, que foram tratadas com um produto de terapia celular, o Remestemcel-L, à base de células estaminais mesenquimais da medula óssea.
Estas células conhecidas pelos seus efeitos anti-inflamatórios, de regulação do sistema imunitário e de estimulação da reparação de tecidos danificados e da formação de novos vasos sanguíneos.
As crianças, uma com 4 e 10 anos, saudáveis antes de serem infetadas, começaram por sofrer de febre alta, sintomas gastrointestinais e mal-estar generalizado. Foram depois hospitalizadas com hipotensão, insuficiência renal aguda, choque, disfunção cardiovascular e marcadores inflamatórios muito elevados.
De início foram tratadas com fármacos convencionais, e apesar de algumas melhorias, vários parâmetros importantes continuaram a exibir valores anormais. Os dois menores receberam duas infusões intravenosas de Remestemcel-L, com dois dias de intervalo, que resultaram na normalização da função cardíaca e da inflamação.
Tiveram alta entre dois a cinco dias após realizarem o segundo tratamento com células estaminais. Até ao momento, cerca de 1100 pessoas, entre as quais 311 crianças, já foram tratadas com o Remestemcel-L.
26 de março 2021