O cigarro eletrónico tem sido considerado uma alternativa mais segura, quando comparado com o cigarro tradicional. Mas um estudo recente mostra que a nicotina que também o cigarro eletrónico pode conter, atrasa o desenvolvimento do bebé.
Não são poucas as grávidas que recorrem ao cigarro eletrónico, por acreditarem que são menos prejudiciais que os cigarros tradicionais, uma vez que não produzem monóxido de carbono e outras toxinas.
No entanto, a nicotina também está presente no cigarro eletrónico, substância responsável pela adição e por uma série de efeitos negativos que podem passar de mãe para bebé, durante a gestação.
Um estudo, levado a cabo por especialistas da Universidade de Durham, em Inglaterra, concluiu que os efeitos do “vapping” do cigarro eletrónico é tão prejudicial como os do cigarro convencional. Os efeitos negativos são estendidos aos bebés de mulheres que usaram o cigarro eletrónico durante a gravidez.
Este estudo comparou peso ao nascer, período de gestação e perímetro cefálico dos bebés, entre outros fatores. À partida, os bebés de não fumadoras e de fumadoras de cigarro eletrónico não apresentava diferenças nos primeiros pontos.
Contudo, os bebés que tinham estado expostos à nicotina no útero, mesmo que fosse de cigarros não convencionais, tinham um número maior de reflexos primitivos anormais. Foram menos capazes de se autorregular em comparação com os bebés de não fumadoras, influenciando a sua habilidade de auto-acalmar e movimentos de mão para a boca.
O estudo concluiu também que quanto maior fosse a quantidade de nicotina consumida, menos desenvolvida estava a maturidade motora dos bebés, nomeadamente o quão flexível ou rígido um bebé é, quando pegado ao colo.
O estudo foi publicado pela revista E Clinical Medicine. Analisou os resultados neuro-comportamentais de mais de 80 bebés de um mês de vida, nascidos com pelo menos 37 semanas de gravidez. A amostra incluiu 44 filhos de mães que não fumaram durante a gravidez, 29 que fumaram cigarros e dez que fumaram a versão eletrónica.
Apesar da dimensão reduzida da amostra, os investigadores sugerem que estas descobertas são uma indicação robusta de que a exposição à nicotina por fumar cigarros eletrónicos pode atrasar o desenvolvimento do feto.
Segundo a investigação, a nicotina pode causar efeitos negativos no sistema nervoso central, afetando o desenvolvimento do cérebro. Apesar de a alternativa eletrónica expor as mães a menos toxinas do que o cigarro tradicional, o seu uso não isenta os bebés de sofrerem as consequências.
19 de outubro 2020