Uma alimentação pobre em ácidos gordos durante a gravidez e lactação têm um impacto negativo no desenvolvimento dos cérebros dos bebés. Esta é a conclusão de um novo estudo, noticiou a agência Lusa.
Consumo de peixe na gravidez pode ter impacto no neurodesenvolvimento das crianças
Esta terça-feira, a Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) emitiu um comunicado, no qual explica que uma alimentação insuficiente em ácidos gordos durante a gestação e os primeiros seis meses de vida do bebé tem um grande “impacto do desenvolvimento dos cérebros dos bebés”.
De acordo com Margarida Figueiredo Braga, coordenadora do estudo, a carência destes ácidos gordos nos bebés, especialmente nos prematuros, pode ter resultar num “pior desempenho cognitivo e da linguagem, menos habilidades motoras, menos competências sociais e comunicacionais e mais problemas de comportamento”.
Acrescenta ainda que a baixa ingestão peixes ricos em DHA (ácido docosahexaenoico – oméga 3) parecem estar relacionadas com Perturbações do Espetro do Autismo e a Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção (PHDA).
No comunicado, a equipa de investigadores afirma que um maior consumo de peixe na gravidez e durante amamentação, visto que o que os nutrientes que a mulher consome são passados para o bebé através do leite materno, estão relacionados com “um melhor desempenho neurocognitivo das crianças”.
“Há evidências de que uma ingestão adequada de ómega 3, através quer do peixe quer da amamentação, pode conferir alguma proteção contra o autismo e previne ou mitiga os sintomas de Hiperatividade e Défice de Atenção”, elucida a FMUP.
Ainda assim, a coordenadora do estudo, diz serem necessários “mais estudos para clarificarem o papel dos ácidos gordos neste tipo de perturbações” e para estudarem o impacto que a suplementação de ómega 3 ou alteração de hábitos alimentares pode ter na gestante e no desenvolvimento da criança.
No final da nota, a FMUP relembra que as autoridades de saúde aconselham às mulheres que estão a tentar engravidar e às grávidas o consumo de duas a três porções de peixe, por semana.