A Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) revelou que, em novembro de 2020, devido à pandemia de Covid-19, mais de 40% das crianças brasileiras, entre os 6 e os 10 anos não tiveram acesso à educação.
O estudo de onde são retirados estes dados, “Cenário da Exclusão Escolar no Brasil — um alerta sobre os impactos da pandemia de Covid-19 na Educação”, foi lançado pela Unicef em parceria com o Cenpec Educação. O projeto agora divulgado indica que a pandemia pode fazer com que o país regrida duas décadas, no que diz respeito ao acesso de crianças brasileiras à escola.
Os números agora registados não eram vistos desde o início do milénio. O país tem vindo a fazer avanços nesta área, de forma lenta mais consistente. A Unicef informou que no Brasil “a exclusão escolar atingiu sobretudo crianças de faixas etárias em que o acesso à escola não era mais um desafio. Dos 5,1 milhões de meninas e meninos sem acesso à educação em novembro de 2020, 41% tinham de 6 a 10 anos de idade, 27,8% tinham de 11 a 14 anos, e 31,2% tinham de 15 a 17 anos — faixa etária que era a mais excluída antes da pandemia”.
A organização revelou que o número de crianças que não teve acesso à educação superou os 5 milhões, números vistos no início dos anos 2000. O Brasil continua a ser um dos países mais afetados pela Covid-19.
Manteve a maioria de suas escolas fechadas no ano passado e quase 1,5 milhão de crianças e adolescentes de 6 a 17 anos não frequentavam a escola nem remota ou presencialmente em novembro. A este número somam-se 3,7 milhões que estavam matriculados, mas que não tiveram acesso às atividades escolares, nem conseguiram manter qualquer tipo de aprendizagem em casa.
Florence Bauer, representante da Unicef no Brasil, afirmou que crianças de 6 a 10 anos sem acesso à educação eram exceção antes da pandemia, e que essa mudança observada em 2020 pode ter impactos em toda uma geração.
A Unicef recomendou que as autoridades realizem a busca ativa de crianças brasileiras e adolescentes que estão fora da escola para garantir acesso à Internet para todos, em especial aos mais vulneráveis.
Segundo o estudo, o Brasil precisa de “realizar campanhas de comunicação comunitária, com foco em retomar as matrículas nas escolas, mobilizar as escolas para que enfrentem a exclusão escolar e fortalecer o sistema de garantia de direitos para garantir condições às crianças e aos adolescentes para que permaneçam na escola ou retornem a ela”.
4 de maio 2021