Médicos de hospitais da Nova Zelândia estão a receber casos de “dívida imunitária”, em dezenas de crianças neo-zelandesas. Esta “dívida” foi causada pela Covid-19.
O hospital da cidade de Wellington, capital do país, tem atualmente mais de 40 crianças hospitalizadas com doenças respiratórias, incluindo o vírus RSV, que apesar dos sintomas ligeiros e pouco graves verificados em adultos, pode ser especialmente perigosa e até fatal em crianças.
Michael Baker, epidemiologista e professor de saúde pública na Nova Zelândia, explicou o fenómeno através de uma metáfora: se durante dois anos não acontecer um incêndio, irá haver mais combustível e madeira seca no, solo para alimentar às chamas e isso provocará um incêndio maior no futuro.
É isto que acontece devido às medidas para controlar a pandemia de Covid-19, como o confinamento, uso de máscaras e lavagem constante de mãos. São medidas que são eficazes para controlar o coronavírus e o vírus da gripe, mas que “habituam” o sistema imunitário, que pode falar com outros vírus no futuro.
Num estudo publicado em maio deste ano, um grupo de médicos franceses disse que “este efeito a curto prazo é bem-vindo, uma vez que evita uma sobrecarga adicional no sistema de saúde. Mas, quanto mais longos forem estes períodos de baixa exposição viral ou bacteriana, maior será a probabilidade de existirem futuras epidemias”.
Nas últimas cinco semanas, a Nova Zelândia relatou quase mil casos de RSV, quando normalmente se verificam em média, cerca de 1700, durante todo o inverno. Os surtos nos hospitais da Nova Zelândia têm levado ao adiamento de cirurgias e ao desvio dos recursos dos hospitais para as enfermarias de crianças.
Ainda que o vírus RSV seja mais comum entre crianças neo-zelandesas no inverno, os idosos e pessoas com sistema imunitário baixo também são vulneráveis.
12 de julho 2021