Crianças e adultos produzem diferentes tipos e quantidades de anticorpos em resposta à infeção do novo coronavírus. Uma equipa de cientistas observou que os anticorpos nas crianças tinham uma menos atividade neutralizante, quando comparado com adultos.
O estudo que apresenta estas conclusões foi publicado esta semana, na revista científica Nature Immunology. O que estas conclusões nos dizem, é que o curso da infeção por SARS-CoV-2 e da resposta imunitária é distinto nas crianças.
A investigação, liderada pelo Centro Médico Irving, da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos da América, avaliou 47 crianças e 32 adultos. Dezasseis das crianças avaliadas sofriam de síndrome inflamatória multissistémica ligada à Covid-19.
Tanto as crianças que tinham esta síndrome, como as que não a tinham, produziam o mesmo perfil de anticorpos. Nos adultos, o perfil era diferente. As crianças produziam menos anticorpos contra a proteína da espícula do vírus (que permite a entrada do vírus nas células).
Segundo explicação dos responsáveis pelo estudo da Universidade de Columbia, isso sugere que nas crianças a infeção não se espalha muito e não mata muitas células.
Os anticorpos das crianças tiveram também uma menor atividade neutralizante, quando comparados com os dos adultos. Deste grupo, eram os que estavam mais doentes, que produziam anticorpos com atividade mais neutralizante.
Uma ocorrência que pode parecer contra-natura. Os investigadores dizem que esta situação ocorre porque acaba por refletir a quantidade de tempo que o vírus está presente nas pessoas.
Em comunicado, a equipa realça que como as crianças eliminam o vírus rapidamente, não têm uma infecção generalizada, não precisando de uma resposta forte de anticorpos. “O nosso estudo fornece uma análise aprofundada dos anticorpos do SARS-CoV-2 nas crianças, revelando um contraste acentuado com os adultos”, resumem sobre o estudo.
O reduzido curso da infecção sugerido pode significar que ficam infecciosas menos tempo do que os adultos e que, provavelmente, espalharão menos o vírus
9 de novembro 2020