Dois estudos divulgados no início desta semana concluíram que apesar de os mais novos terem passado mais tempo em frente ao ecrã durante o confinamento, o vocabulário das crianças não foi prejudicado e saiu até reforçado. Os dados referem-se ao primeiro confinamento, que começou em março de 2020.
Os estudos agora divulgados analisaramo tempo de ecrã durante o primeiro confinamento generalizado, e o seu impacto no desenvolvimento do vocabulário de 2200 crianças, entre os 8 meses e os 3 anos de idade. De forma geral, as crianças dos 13 países analisados passaram a estar mais tempo em frente a ecrãs durante o confinamento, mas a digitalização das suas atividades não se traduziu negativamente no desenvolvimento da linguagem.
Verificou-se até, que as crianças aprenderam mais palavras do que seria esperado durante o confinamento, comparativamente a períodos de tempo pré-pandémicos. Os resultados foram publicados nas revistas científicas Language Development Research e Scientific Reports.
Os autores justificam esse desenvolvimento sobretudo com outras atividades desenvolvidas pelos pais durante aquele período. Neste sentido, os estudos divulgados sobre o impacto do confinamento do vocabulário dos mais pequenos, revelaram também que as crianças para as quais os pais liam com mais frequência, aprenderam mais palavras, comparativamente às crianças que passaram mais tempo em frente a ecrãs.
Um dos estudos foi coordenado por Julien Mayor da Universidade de Oslo, na Noruega, que explicou que “identificar os efeitos das atividades entre pais e crianças no crescimento do vocabulário da criança é significativo, considerando que avaliamos as mudanças nos vocabulários durante um período médio de pouco mais de um mês”.
Natalia Kartushina, investigadora da mesma instituição acrescenta que “devemos ser cautelosos em assumir que isto se aplique durante tempos normais ou confinamentos mais longos, considerando as circunstâncias extraordinárias que as crianças e os pais enfrentaram durante este período”.
O aumento do tempo de ecrã foi maior consoante o tempo de confinamento, em grupos familiares com níveis de educação mais baixos e em famílias em que os próprios pais também passam mais tempo em frente aos ecrãs.
9 de fevereiro 2022