São cada vez mais, as denúncias de violência contra crianças, o que significa que o fenómeno aumentou. Segundo especialistas são vários os fatores que contribuem para tal, ainda que se destaque as consequências da pandemia no dia-a-dia das famílias.
O número registado de denúncias de violência contra crianças, durante 2021, foi de 9008. Os dados foram revelados este fim-de-semana pelo Jornal de Notícias, que por sua vez cita dados fornecidos pela Polícia de Segurança Pública (PSP).
O ano passado, que coincide na sua maioria com o período pandémico, foi aquele que registou mais testemunhos de violência doméstica, ofensas à integridade física, maus tratos, ameaças, coação, difamação, calúnia e injúria. Dulce Rocha, presidente da Direção do Instituto de Apoio à Criança (IAC), disse ao JN que ” as pessoas ficaram mais ansiosas, menos tolerantes e as crianças ficaram mais expostas à violência”.
Em 2020 registaram-se 7904 casos de violência infantil. No primeiro “ano pandémico”, 207 crianças foram mesmo retiradas às famílias. Dulce Rocha atribui algum responsabilidade aos períodos de confinamento, com grande parte da população a ser obrigada a partilhar espaços exíguos, com pais a trabalhar e crianças a ter aulas no mesmo espaço.
Os números da Guarda Nacional Republicana (GNR), acompanham este aumento, mesmo numa escala menor. 905 denúncias foram registadas em 2021, no que toa a violência contra crianças. Em 2020, esse número foi de 604. É importante recordar que 2020 foi o ano em que a Rede Nacional de Apoio às Vítimas de Violência Doméstica foi reforçada em dois milhões de euros, com o principal objetivo de garantir que as crianças possam ver reconhecido o estatuto legal de vítima.
Crianças que tenham sido vítimas ou que tenham estado expostas a violência doméstica, apeseram maior risco de desenvolver perturbações de ansiedade, transtorno de stress e problemas de humor. Além disso, podem perpetuar o ciclo de violência em que cresceram.
30 de maio 2022