As crianças não têm “papel relevante” nos contágios de Covid-19 entre membros da mesma família. Henrique Barros, do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto defendeu esta ideia na reunião do Infarmed.
O especialista destacou também o já assegurado menor risco de infeção neste grupo. Na reunião habitual que juntou especialistas, membros do Governo e o Presidente da República, Henrique Barros disse até que ter crianças na família, pode resultar numa menor probabilidade de infeções.
“Globalmente, as crianças e os adolescentes têm um risco menor de infeção e, embora a evidencia (prova) não seja forte, parecem ter um papel menor na transmissão da infeção”, afirmou, em declarações recolhidas pela Agência Lusa.
Na reunião desta terça-feira, onde se analisou a evolução da pandemia e da primeira semana de confinamento, o especialista explicou que na investigação do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto em que se suporta, os dados assentaram na presença de anticorpos no organismo e não apenas nos testes PCR com resultado positivo.
No que diz respeito à transmissão da infeção pelas crianças em escolas, Henrique Barros concluiu que as medidas de mitigação funcionam e que o ambiente escolar continua a ser seguro, em termos de transmissão do vírus.
“Na primeira onda, a infeção foi quase toda nas faixas etárias mais elevadas”, afirmou o investigador, destacando ainda que, “na segunda onda, vemos que com as escolas abertas a infeção sobe e desce, sobe com as escolas fechadas, continua a subir e até faz um pequeno ‘plateau’ com as escolas abertas e depois desce. O que vemos quando olhamos não só para as idades escolares é que as pessoas mais velhas é que infetam primeiro.”
À margem deste tema, o investigador do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto abordou também a letalidade da covid-19, situando-a em “cerca de 2%”. No entanto, os números são diferentes em função do sexo, já que “no sexo masculino o risco é significativamente maior do que no sexo feminino”.
Também sobre a vacinação, o especialista do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto disse que a consequência é que a diminuição de casos em alguns grupos específicos, tais como nos profissionais de saúde, se vai também verificar na população em geral.
Com base no estudo realizado com o Centro Hospitalar Universitário de São João, no Porto, com cerca de 7 mil funcionários, dos quais quase 1000 contraíram a doença e 4700 foram vacinados a partir de 27 de dezembro, Henrique Barros realçou ainda que a efetividade vacinal foi de 91%
24 de março 2021