Segundo um estudo realizado pelo Centro de Investigação e Estudos de Sociologia do ISCTE, em Parceria com o Plano Nacional de Leitura (PNL), a grande maioria dos alunos dos 1º e 2º ciclos do ensino básico gostam de ler, frequentam a biblioteca escolar e assumem manter um hábito de leitura, mesmo que esporádico.
A percentagem de crianças que não gostam ou gostam pouco de ler livros sobre do 1º ciclo para o 2º. Nos 3º e 4º anos esta percentagem está nos 17%, mas nos 5º e 6º sobe para os 29%. Um dado verificado por este estudo foi a diferença registada no género das crianças leitoras.
No 1º ciclo do ensino básico, 89,5% das meninas afirmaram gostar/gostar muito de passar o tempo a ler, valor que cai para os 77% entre os meninos. No ciclo seguinte, os números são de 80% e 62,5%, respetivamente. No 2º ciclo, mais de o dobro dos rapazes, em relação à percentagem de raparigas, afirmou que só lê por obrigação.
Os investigadores do ISCTE inquiriram as crianças sobre a forma como passam os tempos livres. Num dia sem escola, os alunos do 2º ciclo do ensino básico disseram que passam 149 minutos no computador/smartphone/tablet; 130 a brincar sem estes dispositivos, 110 minutos a ver televisão, 85 a brincar com consolas e 64 a ler livros que não os manuais escolares.
Ao Expresso, os autores do estudo, João Trocado da Mata e José Soares Neves referiram que “os dados evidenciam usos da leitura (e da escrita) mais desligados do suporte livro”, mencionando mesmo uma “cultura do ecrã”. 1 em cada 5 alunos do 2º ciclo diz já escrever mais frequentemente no computador ou tablet ou telemóvel do que no papel. O mesmo foi apurado para os jovens do 3º ciclo.
O estudo também destacou que as atividades relacionadas com a leitura e a escrita têm vindo a perder-se. Os autores destacaram a importância da escola nestas arividades. “Quanto maior é a exposição às mencionadas atividades maior é o número de livros lidos.”
14 de dezembro 2021