Um fármaco espanhol testado em França e nos Estados Unidos conseguiu reduzir quase toda a carga viral do vírus Covid-19, revelou um estudo.
A plitidepsina, o nome do fármaco, foi originalmente desenvolvida para tratar o mieloma múltiplo, um tipo de cancro do sangue.
No entanto, no estudo liderado por Adolfo García-Sastre, um virologista espanhol, este fármaco demonstrou uma redução de 99% na carga viral de Covid-19 nos pulmões de ratinhos tratados com o mesmo.
O investigador avançou que a plitidepsina é 100 vezes mais potente que o remdesivir, que foi o primeiro fármaco antiviral aprovado para tratar o novo coronavírus. Contudo, até à data o remdesivir não revelou ser totalmente eficaz contra o vírus.
Foi concluído que a plitidepsina revelou uma eficácia antiviral e toxicidade prometedores, pelo que a equipa considera que o fármaco deve agora ser testado de forma mais alargada.
Os investigadores tinham identificado um total de 47 fármacos que poderiam ser potencialmente eficazes no tratamento de doentes infetados com SARS-Cov-2.
De todos os fármacos estudados, a plitidepsina demonstrou ser o mais eficaz, tendo nomeadamente demonstrado uma eficácia entre nove e 85 vezes superior a travar a multiplicação do vírus, em relação a dois dos outros fármacos testados. Em relação ao remdesivir, esta eficácia foi 100 vezes superior (ver acima).
Outra vantagem detetada na plitidepsina foi o facto de ter tratado também a inflamação nas vias respiratórias. Adicionalmente, o fármaco é também eficaz contra as novas estirpes de Covid-19, como a B-1.1.7., oriunda do Reino Unido.
Foi ainda comprovado que o uso de plitidepsina em humanos é seguro pois revelou baixa toxicidade.
Os resultados deste estudo foram publicados no início da semana na revista científica Science. Contudo, são ainda muito preliminares, pelo que em experiências mais alargadas se poderá atestar melhor a eficácia daquele fármaco no novo coronavírus.
27 de janeiro de 2021