Haverá dor maior? Carta de uma mãe ao filho desaparecido
“Carta de uma mãe ao filho desaparecido”, foi o título que Filomena deu ao texto que publicou no Facebook. Uma rede social é o único sítio onde o filho, de quem esta mãe continua à espera, possa eventualmente ler as suas palavras.
“Nunca deixarei de te esperar”, escreve Filomena Teixeira, para quem um olhar ou um simples telefonema seria o bastante para lhe descansar o coração.
“Meu filho, faz amanhã 16 anos que não te vejo, e depois deste tempo todo ainda espero por ti! Espero e esperarei até que me digam algo de ti! Este tempo todo imagino-te crescendo, tornando-te um homem, e eu aqui parada no tempo, à tua espera!
Nunca deixarei de te esperar!!! De uma forma ou de outra, os dias sucedem-se, muitos já partiram, outros nasceram e cresceram enquanto estiveste fora… outros vão nascer em breve, sabias? Há tanta coisa para te dizer, tantas promessas a cumprir que não vão chegar o resto dos meus dias para os realizar… volta, estamos aqui todos à tua espera… tal como naquele fatídico dia 4/03/1998…
Se não quiseres falar basta um abraço, tu sabes dar tão bem abraços! e beijos pequeninos… bem sei que estás crescido, mas a mim não vais negar?! Tenho tentado tudo para suportar a tua ausência… tudo mesmo!!!
Às vezes digo a mim própria que é um pesadelo e que vou acordar a qualquer momento e tu estás aqui… depois abro os olhos e a realidade atordoa-me os sentidos! NÃO ESTÁS! e não posso fazer nada!!!!
Sabes, já nem rezo, olho para o vazio e mentalmente pergunto por ti?! Já nem sei quem sou, ou no que me tornei!!! Um fardo para uns… uma lunática para outros! Dizem que sou forte?! Quando eu sou tão frágil… imagina a tua irmã o que tem de suportar?! E ser a filha mais maravilhosa que alguém poderia ter! Porque é nisso que ela se tornou Pedro, num ser humano espantoso! Tens de ter orgulho nela!
Vês filho, o que tenho para te dizer não chega uma carta… Como faço para comunicar contigo? A tua irmã está à distância de um telefonema, basta-me saber que está bem! Contigo faria igual, só quero que sejam felizes! É pedir muito filho?
Quando puderes juras que me respondes? Eu continuo aqui à espera… Um Abraço do tamanho do mundo, da tua mãe que te adora e não sabe o que fazer sem ti?!
P.S. Estou a escrever-te do teu quarto, o pai acabou de entrar, ele trabalha muito, e sente muito também a tua falta, só não sabemos como te dizer!? Daí a carta, desculpa se é muito longa, mas juro que se tu vieres eu não te canso! Eu calo-me e basta-me o teu olhar no meu. Adoro-te! Mãe.”