A notícia avançada pelo The Independent dá conta que o estudo científico, levado a cabo no hospital universitário de Sahlgrenska, em Gotemburgo, na Suécia, seguia a gravidez pós-termo de cerca de 10 mil mulheres em 14 hospitais. Mas, no decorrer da investigação, cinco bebés de mulheres com gestações de 43 semanas nasceram mortos, tendo um outro morrido prematuramente. Estes factos ditaram a conclusão da investigação.
Dado a ocorrência, a equipa de investigadores manifestou-se, dizendo que era pouco ético continuar com a observação da população em estudo.
Este foi um caso insólito que não passou despercebido. Logo gerou uma onda de protestos. Os ativista reivindicavam a necessidade de um célere desenvolvimento de guidelines para “salvar a vida a mais bebés”. Isto porque, até então, não havia diretrizes que indicassem qual o procedimento médico a seguir dado o termo da gestação (40 semanas).
Angela Jones, diretora administrativa da Spadbarnsfonden, fundação sueca de mortes infantis, disse ao jornal britânico que exigiram a ação imediata do o governo, reforçando a ideia de que “são necessárias novas guidelines“ para impedir que estás situações ocorram. A seu ver, “a indução precoce é um passo na direção certa”. Não obstante, declara a extrema importância das “auditorias nacionais sobre as causas de óbito [destes seis bebés]”.
O presidente da fundação, Malin Asp, acrecentou:
“Desde que [os investigadores] deram a investigação como concluída devido a razões éticas, não é ético não vir a público com os resultados do estudo, porque isso pode potencialmente salvar a vida de milhares de bebés.”
A chefe-executiva da instituição de caridade “Birthrights“, Amy Gibbs, também se revoltou nesta polémica em torno da extenção – digamos assim – da gestação após o seu termo:
“Todas as mulheres grávidas têm o direito legal de debater, com o seu médico ou parteira, todas e quaisquer intervenções propostas durante a gestação ou parto, incluindo a indução do mesmo, de forma detalhada e com base em evidências científicas. Esse diálogo deve abranger os benefícios, riscos e opções alternativas, com base nas necessidades e preferências individuais da mulher, para que possa fazer uma escolha informada [e consciente].”
Após o tumulto que se instalou com a polémica tragédia, o hospital, assumindo as devidas responsabilidades, e após ter a confirmação científica de que o risco de dar à luz um natimorto era muito maior duas semanas após o termo da gravidez, afirmou que iria alterar as diretrizes no que às políticas de ação médica depois de ultrapassadas as 40 semanas de gestação.
“Estamos a planear, assim que possível, proporcionar a todas as mulheres que ultrapassem o termo da gestação, a indução do parto às 41 semanas”, declarou o chefe do departamento de neonatologia ao canal de TV sueco svt Nyheter.
Seguido do hospital onde foi levado a cabo o estudo, outros hospitais nacionais se seguiram na adoção de novas práticas obstétricas, com vista a evitar mais mortes fetais ou complicações materno-fetais.
Também o NHS, Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido, proporciona a todas as mulheres que ainda não tenham entrado em trabalho de parto, mas que já ultrapassaram as 40 semanas de gravidez, a oportunidade de o parto ser induzido.
Ainda que a gestação dure aproximadamente 40 semanas, os bebés podem nascer até às 42 semanas de gestação. É importante referir que, para além dessas duas semanas de “tolerância”, é bastante arriscado prosseguir com a gravidez sem provocar o parto, uma vez que a probabilidade de a mulher dar à luz um natimorto aumenta consideravelmente.
No entanto, de acordo com os especialistas, o parto não deve ser induzido antes das 41 semanas de gravidez, uma vez que isso poderá aumentar os partos por cesariana e, consequentemente, complicações maternas desnecessárias.