Convencidos de que protege contra a Covid-19, milhares de italianos correram às farmácias à procura de lactoferrina, um suplemento de leite infantil, que tem sido promovida como uma proteína que protege contra a doença.
As farmácias deparam-se com uma enorme procura por este produto, que normalmente é de nicho, comercializado como um estimulador do sistema imunológico para bebés.
Apesar de não existirem evidências científicas que mostrem que o suplemente de leite infantil é eficaz no combate à Covid-19, um vídeo viral sugeriu este cenário de proteção contra o novo coronavírus.
A lactoferrina, uma proteína encontrada em altas concentrações no leite materno, foi submetida a um pequeno ensaio clínico em Roma e os especialistas divulgaram resultados positivos, mas disseram que são necessárias mais investigações.
O aumento dramático na procura da lactoferrina acontece num país com uma das maiores taxas de mortalidade da Europa. Os farmacêuticos não sabem quase nada sobre este produto, além do facto de ser um suplemento de leite.
Embora a substância seja vendida na maioria das vezes como suplemento para bebés, também é comercializada por uma empresa como “CovAlt” e vendida numa linha de produtos que inclui gel para as mãos e outros produtos associados ao vírus.
O impacto da partilha do vídeo que lançou esta informação nas redes sociais faz-se notar. Vários cientistas e investigadores já disseram publicamente que não existe evidência científica que prove a utilidade da lactoferrina na prevenção ou tratamento da Covid-19.
Em declarações à agência France Presse (AFP), responsáveis de uma grande farmácia no centro de Roma disseram estar a vender até 100 caixas do suplemento por semana. Em tempos “normais” venderiam apenas duas ou três, por mês.
Outro farmacêutico disse à AFP que o seu pequeno ponto de venda de família viu um aumento na procura. Houve mesmo algumas pessoas que possuíam receitas dos seus médicos, a pedir o suplemento lactoferrina. Muitos profissionais estão a encarar isto como uma “psicose” popular, fruto do medo e da informação falsa.
3 de novembro 2020