Uma mãe foi aconselhada a abortar na sequência da deteção de uma cardiopatia no feto durante a gravidez. Apesar dos riscos, essa mãe decidiu continuar a gravidez.
O feto era do sexo feminino e foi-lhe dado o nome de Camila Tottene. Hoje aos 32 anos de idade, a jovem já foi submetida a cinco cirurgias, uma delas logo 15 dias após o nascimento.
Mas não foi só isso. Camila sofreu ainda um acidente vascular cerebral (AVC), uma hemorragia e uma paragem cardíaca ainda durante a adolescência. Mas, ao contrário de todas as expectativas, sobreviveu.
Hoje em dia, subsistem as cicatrizes de “guerra”, que testemunham as batalhas que a jovem mulher travou. Casada com Michael, sente-se agradecida por estar viva e é autora do projeto “Mulher e Cardiopata“, disponível no Instagram.
Um dia, minha mãe já devastada, se ajoelhou no meu leito e em lágrimas falou no meu ouvido de que se eu estivesse escutando sua voz, que eu acordasse. O poder de uma mãe é inexplicável para a medicina, pois naquele mesmo momento eu acordei”
“Diagnóstico não é fim, é chance de vida”
A história de coragem Camila começou, assim, ainda dentro da barriga da mãe. Quando lhe foi diagnosticada a cardiopatia da filha, disseram-lhe que era um pequeno problema no coração do feto. A mãe de Camila chegou a ser aconselhada a abortar. Mas decidiu não o fazer.
Só após o parto, a mãe ficou a saber o que enfrentava a sua recém-nascida: cardiopatia. Esta doença cardíaca é considerada no Brasil como sendo rara em recém-nascidos.
Cardiotocografia (CTG): avaliação do bem-estar do bebé na gravidez
Apenas 15 dias após o nascimento, Camila foi submetida a um cateterismo e a um período de dois meses numa unidade de cuidados intensivos neonatal. Seguiram-se dois procedimentos aos dois anos deidade que lhe valeram um mês de coma.
Depois foram idas constantes ao hospital durante anos. Finalmente, uma cirurgia aos 14 anos não correu bem e a jovem sofreu uma paragem cardíaca, um AVC e uma hemorragia generalizada.
“Um dia, minha mãe já devastada, se ajoelhou no meu leito e em lágrimas falou no meu ouvido de que se eu estivesse escutando sua voz, que eu acordasse. O poder de uma mãe é inexplicável para a medicina, pois naquele mesmo momento eu acordei”, lembra ela em entrevista à revista Pais & Filhos.
Soma-se a isto tudo as deslocações e estadias noutra cidade, algumas delas de meses, já que na sua não havia cuidados a doentes com cardiopatia. Após uma dessas longas viagens, a irmã de Camila não reconheceu a mãe e a irmã quando regressaram. E, claro, as despesas que saiam do bolso dos pais sempre que eram necessários procedimentos (que eram maioritariamente) urgentes.
Uma infância dominada pela cardiopatia
Com tudo isto, a infância de Camila acabou por ser diferente do da maioria das crianças. A jovem sofreu várias dificuldades na escola e na socialização. “As únicas crianças que eu tive contato até os meus 7 anos de idade foram minha irmã e meus primos, que sempre me trataram como uma criança normal, porém frágil”, explicou à revista Pais & Filhos.
E tudo deixa marcas, como foi o caso das cicatrizes de Camila. Só aos 15 anos a jovem começou a usar biquíni pois sentia-se incomodada quando as pessoas apontavam as cicatrizes. Aos 17 anos conheceu Michael com quem está hoje casada e o resto é história.
19 de janeiro de 2021
Fonte: Revista Pais & Filhos; Instagram @mulherecardiopata.