Mães vacinadas contra a Covid-19 e que estejam a amamentar, podem estar a proteger o bebé contra uma infeção pelo novo coronavírus e outras infeções. Um estudo português analisou o leite materno e sangue de 23 mulheres, demonstrando uma proteção imediata, com efeitos de longa duração.
O estudo, liderado pela imunologista Helena Soares, foi realizado pelo Centro de Estudos de Doenças Crónicas da Universidade Nova de Lisboa (Cedoc) e está públicado na revista científica Cell Reports Medicine. A análise ao leite materno e sangue das participantes foi feito entre dezembro de 2020 e fevereiro de 2021.
Segundo os resultados, existe uma “transferência cumulativa de IgA”, que providencia ao bebé uma eficaz capacidade de proteção imunológica. O IgA é um dos anticorpos que atua contra a proteína da espícula, responsável pela entrada do vírus SARS-CoV-2 nas células do corpo humano).
Os IgA foram detetados nas análises, com maior presença no leite, já os anticorpos IgG dominavam no sangue das mães vacinadas. O estudo concluiu também que os anticorpos IgA têm origem nas glândulas mamárias, sendo definidos como secretores, segundo explicou Helena Soares ao Jornal Público.
Segundo explicou a especialista, os anticorpos IgA (neutralizantes) surge em menor número no leite, o que significa que uma única sessão de amamentação não é exatamente suficiente, mas que a contínua alimentação da criança pode ter impacto na proteção dos bebés contra a Covid-19.
Foi possível perceber que além de anticorpos imediatos (IgA e IgG), o leite materno transmite linfócitos T (células imunitárias de memória) presentes nas vacinas. Os bebés estão protegidos de forma duradoura enquanto forem amamentados.
O estudo também foi útil para perceber que bebés de mães vacinadas têm menos probabilidade de desenvolver gripe do que aqueles de mães que não o foram.
6 de dezembro 2021