Um inquérito europeu concluiu que 3 em cada 10 mulheres portuguesas adiaram a maternidade devido à pandemia. O estudo, que incluiu 10 países do continente europeu, revela que o stress e a ansiedade foram sentimentos que afetaram quase metade dos portugueses.
O objetivo do inquérito foi avaliar as perceções sobre saúde, durante e após estes dois anos em que convivemos com a Covid-19. O inquérito foi feito a cerca de 600 portugueses, com as entrevistas a decorrerem entre 31 de agosto e 8 de setembro de 2021.
Merck survey: Europeans perception of health two years after the start of Covid 19, foi realizado junto de pessoas com idades entre os 18 e os 65 anos residentes na Alemanha, Bélgica, Espanha, França, Itália, Polónia, Portugal, Reino Unido, República Checa e Suíça, através de uma abordagem CAWI (entrevistas realizadas através da Internet).
29% das mulheres portuguesas com menos de 44 anos admitiram ter adiado os planos de maternidade por causa da pandemia e das suas consequências. Também foi revelado que apenas 22% da população pretende realizar mais tratamentos de fertilidade, sendo que a faixa etária acima dos 45, aquela que mais considera esta possibilidade.
Mas a pandemia teve outros impactos, nomeadamente stress e ansiedade, medo e incerteza, sentimentos que afetaram mais de um terço da população. Os problemas psicológicos (33%) são uma das principais consequências da pandemia indicadas pelos portugueses. O valor situa-se ligeiramente acima da média europeia (30%), e faz-se acompanhar pela dificuldade em cumprir as responsabilidades familiares e laborais (27%).
Já em maio, um estudo britânico abordou a questão de novas mães, sobretudo as que tiveram o primeiro filho, têm o dobro da probabilidade de passarem por depressão na gravidez e no pós-parto.
As mães que não podiam dividir os cuidados natais com os pais dos bebés, ou que não tinham uma rede de apoio a auxiliá-las com, por exemplo, tarefas domésticas, afirmaram sentir solidão, preocupação, exaustão, culpa ou inadequação.
Revelou-se uma preocupação excessiva com o impacto que o isolamento social imposto pelo confinamento por causa da pandemia de Covid-19, pode ter no desenvolvimentos dos bebés. As mais afetadas pelo isolamento foram as mães com o primeiro filho.
Os partos solitários afetaram também a saúde mental das mulheres. A falta de uma rede de apoio na gestação e no puerpério é um dos fatores decisivos para a depressão pós-parto, já que ela é resultado de uma combinação de questões biológicas, mas também psicológicas e sociais.
30 de novembro 2021