A Ordem dos Médicos considerou que a norma de vacinação de crianças contra a Covid-19 não foi recebida de forma clara. Miguel Guimarães, o bastonário da Ordem afirmou que o mecanismo criado e recomendado pela DGS está a contribuir para desigualdades entre crianças e famílias que podem consultar um médico e obter a prescrição, e as que não têm essa possibilidade.
“Isto numa altura em que o acesso à saúde tem estado muito condicionado e em que todos os recursos deveriam ser focados na recuperação de doentes e não em mais um procedimento burocrático”, defendeu Miguel Guimarães. O bastonário afirma que esta norma contribui para a “entropia” no processo de vacinação.
Em comunicado, a Ordem dos Médicos apela a uma revisão rápida e urgente da norma de vacinação dos jovens entre os 12 e os 15 anos. Foi também referido que a decisão da DGS sobre o eventual alargamento das vacinas às crianças sem comorbilidades através de indicação médica “contraria a tese de que ainda não há evidência suficiente”.
Segundo a entidade, a norma não foi recebida de forma clara pelos profissionais de saúde. “O processo tem de ser gerido de forma universal e ágil, como é aliás essencial no combate a uma pandemia. Desta forma, apelamos a uma rápida revisão desta norma, no sentido de esclarecer a mesma e reforçar a confiança na evidência científica e na ampla experiência já existente, protegendo os mais jovens da ameaça física, psicológica e social que este vírus tem representado para a vida de todos nós”, refere o mesmo comunicado já mencionado.
Segundo o bastonário da Ordem dos Médicos, a situação já deu azo a uma série de queixas por parte de centros de saúde, que estão a receber telefonemas de pais a questionar o que têm de fazer para vacinar os filhos. A polémica gerada em volta do esclarecimento da norma cresceu no seguimento de Marcelo Rebelo de Sousa ter declarado que as autoridades de saúde portuguesas não proibiram a vacinação de menores contra a Covid-19, acrescentando ainda que o processo depende da escolha dos pais.
A DGS esclareceu que é sempre preciso passar por indicações médicas.
3 de agosto 2021