A Sociedade Portuguesa de Pediatria defende a reabertura urgente dos estabelecimentos de ensino, especialmente para crianças que frequentam o pré-escolar, 1º e 2º ciclos. Os pediatras portugueses alertam para as consequências negativas do fecho das escolas no desenvolvimento infantil.
Esta chamada de atenção urgente tem origem numa posição conjunta da Sociedade Portuguesa de Pediatria (SPP), da direção do Colégio de Pediatria da Ordem dos Médicos e da Comissão Nacional da Saúde Materna, da Criança e do Adolescente.
A integração das crianças no seu dia-a-dia habitual, em atividades adequadas às suas necessidades físicas e mentais é essencial, segundo defendem os especialistas.
Estas entidades defendem que o regresso à normalidade terá de ser faseada, mas “deve ser rápida e programada de forma consistente”. Defendem que a urgência na reabertura é maior para as crianças mais jovens, no ensino pré-escolar, primeiro e segundo ciclo.
Por serem alunos que estão no início do seu desenvolvimento social, com importante contacto com educadores e outras crianças, e também por serem o grupo que representa o menor risco de contagiosidade comunitária.
Os pediatras dizem que a saúde mental das crianças e adolescentes está em risco, pela falta de socialização, pela medo da doença, por problemas familiares, aumento de risco de obesidade e distúrbios alimentares e também porque muitas vezes os problemas de saúde mental não são facilmente detetados pelas famílias.
O conjunto de entidades mencionado, defende o reforço da vigilância epidemiológica, pelos serviços de saúde, para que seja possível controlar a disseminação da doença, sem ser necessário voltar a tomar medidas agressivas de controlo.
“As crianças de risco social elevado, que têm na escola momentos de normalidade, de segurança e alimentação adequada, estão ainda mais propensas ao risco causado pelo distanciamento. Recordamos que, muitas vezes, é da escola que parte o primeiro alerta que dá início a investigação e medidas de proteção”, afirmam em comunicado, divulgado pela Agência Lusa.
No entendimento das entidades pediátricas que se juntaram neste apelo ao governo e à Direção-Geral da Saúde, todas as alterações e as desigualdades sociais e riscos associados, terão efeito direto na esperança de vida destas crianças e na capacidade de evolução da própria sociedade nos anos futuros.
4 de março 2021