O pedopsiquiatra Pedro Caldeira da Silva, defende a importância de ajudar a libertar as crianças dos medos provocados pela Covid-19 e deixar que estejam em “paz na escola”.
À Agência Lusa, o diretor da especialidade de Pedopsiquiatria do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central (CHULC), disse que sem dúvida que o ambiente de medo à volta da pandemia, contribuiu para o aumento de casos e sintomas de ansiedade e depressão.
Pedro Caldeira da Silva não considera que tenha sido a causa, mas que os medos provocados pela Covid-19 certamente contribuíram para o “aumento dos quadros de perturbações emocionais”. O pedopsiquiatra considera que é essencial aprender a lidar com a adversidade.
O pedopsiquiatra considera que a comunicação social tem “um papel fundamental de encontrar factores de resiliência”, contribuindo para a perspetiva generalizada que a pandemia não é uma ameaça que nunca mais acaba, mas sim um facto da vida. É importante saber lidar com isso como se lida com doenças como a gripe ou o cancro.
Relativamente ao dia-a-dia na escola, o profissional defendeu que é “muito importante encontrar uma maneira de libertar as crianças, deixá-las em paz na escola e não andar com estas coisas dos contágios, estes medos todos”. Por outro lado, as famílias têm também de ajudar a compreensão do problema e filtrar a realidade.
Se o excesso de informação já é confuso para os adultos, ainda será mis para os mais novos. Segundo o pedopsiquiatra, as crianças entre os três e os seis anos de idade serão as que terão sofrido mais com o isolamento, porque “já tem apetência e competência para socializar, mas não têm ainda competências para usar as redes sociais”.
O especialista fala também na vulnerabilidade das crianças, que em muitos casos tiveram pouca interação com os pais durante o dia, já que estes se encontravam a trabalhar no espaço do lar.
Pedro Caldeira da Silva destacou a oportunidade que os pais tiveram durante o confinamento para “conhecer melhor os filhos”. “(…) mais tempo com eles e foi uma oportunidade única de uma geração que depois foi estragada pela telescola e pelo teletrabalho”, disse o pedopsiquiatra.
17 de janeiro 2021