Uma professora e investigadora chinesa desenvolveu robôs que ajudam crianças autistas a integrar-se na sociedade, ao auxiliá-los a capacitar e desenvolver confiança em situações sociais e maior entendimento das questões emocionais que influenciam os comportamentos.
Catherine So Wing-chee, do Departamento de Psicologia Educacional da Universidade Chinesa em Hong Kong, desenvolveu a metodologia após anos de pesquisa. Os robôs ajudam crianças autistas, entre os 3 os 18 anos, a trabalhar linguagem e desenvolvimento cognitivo.
O programa, criado pela investigadora em 2015, chama-se Robot for Autism Behavioral Intervention, e já ajudou mais de 1200 crianças. O entendimento à volta das questões emocionais e a análise de questões sociais, é o core fundamental no auxílio às crianças que estão no espetro do autismo.
A investigadora Catherine So Wing-chee sentiu-se motivada a desenvolver a sua investigação depois de assistir ao preconceito que crianças autistas sofriam nas ruas de Hong Kong.
Para ensinar competências sociais, o atendimento terapêutico usa robôs NAO, já conhecidos por terem sido usados em pesquisas sobre autismo em França. Equipados com interface programável, os robôs executam gestos específicos, com movimentos das mãos ou cabeça que facilitam a comunicação com as crianças, em conjunto com frases faladas comuns na vida quotidiana.
Os resultados dos trabalhos indicam que o uso de robôs no ambiente de ensino, cria um ambiente encorajador para os participantes. Muse Wong, mãe de uma menina de 5 anos que está no programa há sete meses, disse à Reuters que as habilidades sociais e comunicativas da filha melhoraram muito e que a menina começou a ter vida social fora de casa.
Entre as expressões ensinadas estão a raiva, a fome e mal-estar físico. As crianças veem os robôs a fazer os gestos e ouvem o contexto em que são usados, imitando-os. De acordo com a investigadora, os robôs ajudam a quebrar barreiras de comunicação para crianças autistas, abrindo o caminho de aprendizagem que poderia ser difícil de interpretar num ambiente de aula convencional.
Em 2020, com a Covid-19, o programa foi adaptado para ser aplicado em versões online e ao domicílio. Até ao fim do ano passado, mais de 30 famílias já tinham usufruído do programa.
8 de junho 2021