Um novo estudo tem vindo a sugerir que terapia personalizada pode ajudar as crianças a desenvolver competências sociais antes de entrarem em idade escolar, reduzindo a probabilidade de serem diagnosticadas com autismo. O jornal britânico The Guardian escreve que a equipa que fez este estudo é composta por especialistas de todo o mundo.
A investigação, publicada na JAMA Network, uma publicação científica norte-americana, revela que bebés que apresentavam sinais precoces de potencial autismo, que incluem evitar contacto visual, por exemplo, e que receberam sessões de terapia personalizada às suas necessidades, demonstraram um terço da probabilidade de serem diagnosticados com autismo aos três anos de idade, em comparação com aqueles que apresentavam sinais, mas que não receberam terapia.
Estes resultados sugerem que uma intervenção precoce, durante o primeiro ano de vida, pode ser uma ajuda preciosa para impulsionar o desenvolvimento social das crianças, com efeitos benéficos a longo prazo.
A equipa internacional de investigação, liderada por Andrew Whitehouse da Universidade da Austrália Ocidental, na cidade de Perth, avaliou 104 crianças com idades compreendidas entre os nove e os catorze meses que apresentavam sinais precoces de autismo.
Jonathan Green, professor da Universidade de Manchester, no Reino Unido, e um dos participantes na investigação diz pensar que “esta é a primeira evidência mundial de que uma intervenção preventiva pode reduzir os comportamentos de autismo e a probabilidade de um diagnóstico posterior”.
Metade da amostra do estudo foi selecionada de forma aleatória para ter cuidados de rotina, a outra recebeu cerca de dez sessões de terapia ao longo de cinco meses. Todas as crianças foram reavaliadas para comportamentos de autismo aos 18, 24 e 36 meses de idade.
Para a investigação, os pais foram então filmados a brincar com os filhos, sendo que um terapeuta reviu as filmagens com os pais e ajudou-os a compreender as diferentes formas como o seu filho estava a tentar comunicar. O objetivo era reforçar a ligação para ajudar o bebé a desenvolver as suas competências de comunicação.
Os investigadores sublinham que a terapia personalizada não é uma cura para o autismo. As conclusões sugerem que uma terapia à medida pode, pelo menos, ajudar algumas crianças a desenvolver as suas capacidades sociais antes de atingirem a idade escolar.
As sessões de terapia ajudaram a reduzir a dimensão de alguns sintomas de autismo e a mudança permaneceu até as crianças fazerem três anos. Nessa altura, quando cada uma das crianças voltou a ser avaliada, um quinto dos que receberam cuidados padrão foram diagnosticadas com autismo, enquanto apenas 6,7% dos que receberam terapia tiveram o mesmo diagnóstico.
Um dos problemas levantados por esta investigação é que crianças que apresentam melhorias com a terapia personalizada e não são formalmente diagnosticadas com autismo, podem continuar a precisar de cuidados especializados, a que muitas veze perdem o direito.
29 de setembro 2021