Uma investigação publicada na revista The Lancet concluiu que a transmissão do SARS-CoV-2 entre as crianças mais pequenas é baixa, sendo que “não há evidência” de que as creches sejam foco de contágio para a Covid-19. As informações foram divulgadas pela Agência Lusa.
Segundo as conclusões do relatório da prestigiada publicação, cujos dados foram recolhidos em França, crianças até aos 17 anos representam entre 1% e 8% do total de infetados do país e entre 2% a 4% de todas as hospitalizações.
Os médicos franceses responsáveis por esta investigação teve como objetivo perceber se as creches, frequentadas pelas crianças mais pequenas, contribuem para a transmissão do vírus SARS-CoV-2.
A investigação incluiu três grupos de crianças, num total de 327 sujeitos entre os cinco meses e quatro anos de idade, 190 funcionários de creches, e um grupo comparativo de 164 funcionários de unidades hospitalares sem contacto com crianças.
As regiões francesas da Normandia, Alpes e Paris (a mais afetada pela pandemia em França) contribuíram com informação sobre encarregados de educação. Concluiu-se que crianças pequenas em creches não costumam ficar infetadas com Covid-19 e, se tal acontecer, são pacientes assintomáticos na sua grande maioria.
A investigação afirma que “não há evidência” comprovada de que as crianças que estão nas creches em contacto com outras crianças representam um maior risco de contágio e estes locais não são um “foco de contágio”.
A investigação decorreu durante oito semanas, durante as quais foram recolhidas amostras de sangue e feitos testes PCR a todos os participantes. 3,7% das crianças ficaram infetadas e 6,8% dos trabalhadores das creches foram contagiados.
Apesar de várias organizações já se terem apoiado nos resultados para defender que as creches se devem manter abertas, os responsáveis admitem que o estudo tem limitações, já que quando os dados foram recolhidos, as variantes do Reino Unido, Brasil e África do Sul eram desconhecidas.
10 de fevereiro 2021