Autismo ou Perturbação do Espetro do Autismo é uma condição que abrange um grande número de crianças com problemas de desenvolvimento e comportamento de maior ou menor gravidade.
Esta doença é 4 a 5 vezes mais frequente nos rapazes do que nas raparigas, mas a razão por que isto acontece não é conhecida.
Autismo: sinais de alerta, diagnóstico, o que fazer?
O que é o autismo?
De acordo com os manuais médicos, o Autismo, ou a Perturbação do Espetro do Autismo (PEA), é uma condição médica do sistema nervoso central que se manifesta na infância e que se caracteriza por dificuldades na comunicação e interação social e por comportamentos, interesses ou atividades repetitivos e estereotipados.
Comunicação e interação
Pessoas com autismo têm dificuldades de comunicação e de interação com os outros.
Por exemplo, fazem comentários pouco adequados, interpretam literalmente as conversas, ou seja, não percebem trocadilhos ou ironia, têm dificuldade em interpretar a comunicação sem palavras e a linguagem corporal, e não fazem amizades facilmente.
Além disso, são pessoas muito dependentes de rotinas, muito sensíveis a mudanças no seu dia-a-dia ou, por vezes, muito preocupadas com certos objetos, ideias ou temas.
Com o autismo podem também aparecer outros problemas, como a deficiência intelectual, a hiperatividade e o défice de atenção ou ambos na designada perturbação da hiperatividade e défice de atenção (phda), a epilepsia, a ansiedade ou as perturbações do sono, que trazem dificuldades acrescidas.
As pessoas com autismo podem também fazer coisas excecionais. Por exemplo, fazem cálculos matemáticos extraordinários, pintam muito bem, desenham mapas de cor ou tocam um instrumento de música maravilhosamente.
Os comportamentos diferentes das pessoas com autismo surgem com vários graus de gravidade, existindo pessoas que apresentam sintomas leves e outras com sintomas mais graves.
Porque esta condição se apresenta de forma tão variada, como um contínuo de problemas de comportamento, é usado o termo espetro do autismo.
Graus de gravidade
- Maior gravidade: ausência de linguagem; deficiência intelectual grave.
- Menor gravidade: linguagem fluente, mas peculiar; dificuldade na socialização.
Sinais de alerta em crianças pequenas
Os sintomas desta doença estão presentes desde cedo durante o desenvolvimento das crianças. No entanto, muitas vezes só são valorizados quando determinadas capacidades, como a linguagem, não se desenvolvem no momento esperado.
Há alguns sinais de alerta a que podemos estar atentos e que, se surgirem, vale a pena comunicar ao médico assistente ou ao pediatra:
- Ausência de sorrisos ou outras expressões calorosas, a partir dos 6 meses;
- Ausência de comunicação através de vocalizações, sorrisos ou outras expressões faciais, aos 9 meses;
- Ausência de galreio, aos 12 meses;
- Ausência de comunicação através de contacto visual ou de gestos, tais como apontar, mostrar, alcançar ou dizer adeus, aos 12 meses;
- Ausência de palavras, aos 16 meses;
- Ausência de frases de duas palavras com sentido (excluindo imitação e repetição), aos 2 anos;
- Qualquer perda de discurso, galreio ou capacidade de interação, a qualquer idade.
Como é diagnosticado o autismo?
O diagnóstico é feito por equipas especializadas e baseado na presença de determinadas alterações de desenvolvimento e comportamento. Existem vários instrumentos para a avaliação de crianças com suspeita de autismo que permitem um diagnóstico clínico fiável e sensível.
Os comportamentos das crianças mudam ao longo do tempo e os seus ritmos de desenvolvimento são variáveis. Por esta razão, o diagnóstico de autismo pode ser demorado e pode necessitar de um seguimento da criança durante algum tempo.
Em Portugal, o Plano Nacional de Saúde Infantil inclui um rastreio específico para o autismo, feito pelo médico de família a todas as crianças. Se for detetado um problema, o médico de família pode referenciar a criança a uma equipa especializada para uma avaliação mais completa. Este rastreio é um passo importante para se conseguir um diagnóstico de autismo mais precoce e iniciar uma intervenção específica mais cedo.
O meu filho tem um diagnóstico de autismo. O que faço?
Não há uma solução clara e única para o seu filho com autismo. Mas lembre-se de que:
- Uma intervenção educativa precoce e específica melhora a aprendizagem, a comunicação e a interação social; procure sempre seguir as instruções dos especialistas de saúde e de educação;
- Existem medicamentos, prescritos pelo médico especialista, que podem melhorar alguns dos comportamentos mais perturbadores associados à doença;
- A companhia de outras famílias na mesma situação, por exemplo em associações de pais e amigos, pode ajudá-lo a sentir-se mais apoiado; através destas associações, poderá também conseguir obter informações muito importantes para resolver os pequenos e grandes problemas do dia-a-dia.
A atitude da família e a forma como lida com a situação têm um impacto real no desenvolvimento de uma criança com autismo.
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