Com apenas 17 anos, Matilde Magalhães desenvolveu um projeto de moda infantil que assenta num conceito solidário e sustentável.
Desde que se lembra, afirma, em entrevista à MAGG, ter uma paixão por criança. “O conceito de família está muito presente em mim, sempre ajudei os meus irmãos, e adoro crianças”: explica a jovem que é a mais velha de seis irmãos com idades entre os 17 anos e os 6 meses.
A ideia surgiu quando, num curso de empreendedorismo, foi desafiada a criar um negócio. Ao início, pensou em apostar em algo ligado à venda de roupa, mas após uma conversa com os responsáveis da academia onde estava a fazer o curso chegou a uma conclusão que lhe viria a alterar os planos: “existe muito consumismo na indústria da moda”. Perante as necessidades de um mundo cada mais ecológico, sustentável e solidário, a jovem estudante decidiu alterar o conceito inicial e lançar a Baby re-bag, projeto que consiste no reaproveitamento de roupas de bebé doadas para distribuir por famílias necessitadas.
Para fazer a doação, apenas é preciso entrar em contacto com a iniciativa através da página oficial de Facebook ou Instagram para combinar a data, hora e local.
Recebida a roupinha, Matilde e os voluntários analisam-na ao detalhe, verificando se cumprem os critérios para ser reutilizada. Só depois dessa examinação, é que a lavam e distribuem por uma lista de famílias carenciadas, sinalizadas previamente por uma enfermeira que Matilde conhece.
Adianta que, para já, o raio de atuação do Baby re-bag está centrado na zona de Cascais e Grande Lisboa. Ainda assim, a jovem deixa bem claro que gostaria que o projeto crescesse, tivesse mais voluntários e chegasse a mais distritos. Além disso, pensa ainda, no futuro, estabelecer “uma parceria com uma loja de brinquedos, para oferecer alguns artigos às crianças, mais didáticos e amigos do ambiente”. No entanto, esclarece: “Mas, para já, vou cimentar o projeto [tal como é].”
Matilde Magalhães, afirma que esta iniciativa se distingue das demais pela qualidade das peças doadas.
“Temos muita atenção ao detalhe e só queremos mesmo itens em boas condições. Depois da doação feita, mesmo que as peças tenham umas manchas muito leves, tentamos perceber se desaparecem com a lavagem. Dividimos a roupa pelos voluntários – cada um leva algumas peças para casa para lavar. Se, depois disso, as manchas persistirem, colocamos as peças em caixotes de roupa ou entregamos numa igreja.”
Atualmente, a equipa da Baby re-bag apenas aceita roupa de bebé e alguns peluches. Sendo um projeto recente e com uma equipa pequena numa altura em que os números de desemprego e desigualdades sociais aumentou exponencialmente, Matilde apela ao voluntariado nesta causa, mas deixa um aviso: “Tem de ter amor pelo projeto”.