Durante os últimos 10 anos, as guerra e conflitos em países como o Afeganistão, Iraque, Síria e Iémen foram os palcos mais mortíferos, no que diz respeito à morte e mutilação de crianças.
A organização Save the Children contabilizou mais de 93 mil mortes infantis desde 2010. O alerta desta organização não governamental, feito através de um relatório publicado no final da semana passada, parte de um dos documentos-chave do arranque da Conferência Afeganistão 2020, da ONU, esta semana.
Numa média diária, foram 25, os menores de idade que diariamente morreram ou ficaram gravemente feridos, em palcos de conflitos ativos. Do total de 11 países considerados como os mais “perigosos para as crianças”, destacam-se de facto o Afeganistão, Iraque, Síria e Iémen.
Segundo a Save the Children, que tem um papel consultivo na ONU, a grande maioria das vítimas foi alvo de ataques aéreos, bombardeamentos, minas terrestres e armas de natureza explosiva. O alvo de muitos destes ataques foram precisamente escolas e zonas residenciais.
A diretora-executiva da organização Save the Children, Inger Ashing, denunciou que “nunca houve, na História, tantas violações comprovadas e perpetradas contra as crianças”, destacando que os “seus direitos são um pilar da nossa humanidade colectiva e uma prova de fogo ao estado da nossa civilização”.
O relatório apresentado pela organização e intitulado Killed and Maimed: A Generation Of Violations Against Children in Conflict, dá especial destaque à guerra do Afeganistão, onde se registou que pelo menos 26025 crianças foram mortas ou mutiladas entre 2005 e 2019.
A maioria são rapazes e os ataques que sofreram “foram o resultado de combates no terreno” ou “de engenhos explosivos improvisados em ataques suicidas e não-suicidas”.
A Conferência Afeganistão 2020, onde estes dados foram apresentados, está a decorrer online, organizada pelos governos afegão e finlandês. Tem como objetivo angariar apoios para a promoção do desenvolvimento, prosperidade e paz sustentáveis no Afeganistão.
O processo de paz entre o poder político e os talibã ainda está longe de um compromisso duradouro.
24 de novembro 2020