Uma das consequências menos faladas da pandemia de Covid-19 é o facto de, por diversos motivos, o número de gravidezes indesejadas ter aumentado consideravelmente. Especialistas falam em sete milhões.
De acordo com as a Organização das Nações Unidas esta pode tratar-se de uma consequência devastadora. A crise provocada pela pandemia provocou uma falta de acesso a métodos contracetivos e também aumentou a violência de género.
7 milhões de gravidezes indesejadas
Em declarações à TVI, Mónica Ferro, diretora do escritório do Fundo das Nações Unidas para a População em Genebra (UNFPA), avança que o número de gravidezes indesejadas poderá atingir os sete milhões.
Segundo a especialista, a crise pandémica afetou de forma “desproporcional” as mulheres. Sobretudo por causa da interrupção de muitos serviços e do abastecimento de produtos. Desta forma, muitas mulheres ficaram incapazes de obter métodos contracetivos que poderiam prevenir gravidezes indesejadas.
Aos 120 milhões de mulheres que já não tinham acesso garantido a métodos de contraceção, junta-se agora 47 milhões, como consequência das condicionantes impostas pela pandemia de Covid-19.
A pandemia potenciou também os casos de violência doméstica que incidem maioritariamente sobre mulheres, “não só porque as mulheres estavam, em muitas circunstâncias, fechadas em casa com os perpetuadores da violência, mas também porque a atenção estava direcionada a outro tipo de respostas”, acrescentou Mónica Ferro.
O acentuar de desigualdades de género também se verifica neste contexto, sendo que as Nações Unidas chamam estes efeitos de “devastadores”.
No seguimento desta falta de acesso a métodos modernos de planeamento familiar, ocorrerá também um aumento das infeções sexualmente transmissíveis, segundo os mesmos dados apresentados.
Mónica Ferro deu ainda outros exemplos de impactos da pandemia na saúde das mulheres, como a transferência de parteiras para a resposta ao novo coronavírus, que se traduziu no afastamento das grávidas das unidades de saúde.
24 de dezembro 2020