A partir da próxima segunda-feira, 8 de fevereiro, recomeçam as aulas à distância, visto o regresso presencial às escolas ainda não ser possível. Segundo investigadores nacionais, o ensino à distância vem agravar a desigualdade no aproveitamento escolar das crianças.
Um equipa de investigadores da Nova School of Business and Economics, chefiada por Susana Peralta, destacou que “a evidência acerca da desigualdade de aproveitamento escolar existente no sistema educativo português pré-pandemia, que as condições atuais irão necessariamente amplificar”. O relatório foi divulgado nas redes sociais.
Os investigadores cruzaram, durante a análise, vários dados estatísticos sobre as condições de vida das crianças, nomeadamente naquelas que frequentam até ao terceiro ciclo de escolaridade.
Uma das conclusões para a qual alertam a atenção das entidades é a importância de manter alunos mais carenciados no ensino presencial, mesmo durante a vigência do ensino à distância.
“A evidência que reportamos contribui também para reforçar a importância de regressar ao ensino presencial assim que as condições sanitárias o permitam, respeitando a prioridade dada aos alunos até ao segundo ciclo prevista no planeamento do ano letivo”.
Entretanto, o calendário escolar tem sofrido novas alterações, de forma a não prejudicar temporalmente o resto do ano letivo.
Utilizando dados disponibilidades pelo Instituto Nacional de Estatística, referentes a 2019, os investigadores garantem que as “condições de habitabilidade são essenciais para o sucesso do ensino à distância”, sendo que entre as crianças com menos de 12 anos, cerca de 25,8% vivem em casas com problemas de humidade e entrada de água pluvial.
De acordo com os mesmos dados analisados, quase 13% dos alunos vivem em casas que não são adequadamente aquecidas e 9,2% não tem luz suficiente. Foram também recolhidos dados no que diz respeito ao número de pessoas por casa, ao número de crianças que vivem em zona de crime, assim como também em locais com poluição e outros problemas ambientais.
Todas as condicionantes que tornam o ensino à distância num contributo para o aumento da desigualdade entre os alunos portugueses.
Por causa da pandemia de Covid-19, as escolas encerraram as portas há cerca de duas semanas. Na segunda-feira, cerca de 1,2 milhões de alunos do 1º ao 12º anos voltam a ter aulas à distância, como aconteceu em 2020.
5 de fevereiro 2021