A terceira vaga de Covid-19 que assolou Portugal durante o primeiro trimestre de 2021, registou o triplo dos casos da síndrome rara – MIS-C – que afeta crianças infetadas com o vírus. O caso mais grave foi no Hospital de Santa Maria, em Lisboa.
A síndrome, rara mas grave, inflamatória multissistémica pediátrica (MIS-C) leva à falência dos órgãos, o que obriga a cuidados intensivos para estas crianças e jovens. Provoca a inflamação de diferentes partes do corpo, incluindo coração, pulmões, rins, cérebro, pele, olhos e órgãos gastrointestinais
De acordo com dados divulgados pelo Jornal de Notícias foram identificadas, desde janeiro, 83 casos de síndrome inflamatória multissistémica pediátrica em hospitais portugueses. Mais de metade dos casos registou-se no Hospital Dona Estefânia. Todos os pacientes sobreviveram.
Em declarações ao JN, Maria João Brito, chefe da unidade de infecciologia deste hospital, confirmou que nos primeiros três meses do ano foram registados mais casos do que no resto do ano de pandemia inteiro. O Hospital de Santa Maria também confirmou que, dos dezasseis casos de Covid-19 acompanhados em crianças, cinco foram diagnosticados com MIS-C.
A coordenação dos Cuidados Intensivos Pediátricos do Hospital de Santa Maria registou um pico de MIS-C, três a quatro semanas após o pico de infeções pelo vírus SARS-CoV-2. O caso mais grave foi o de um adolescente de 17 anos, com febre, diarreia, falta de força, dores abdominais e afetação cardíaca. O jovem não sabia, até ser internado com estes sintomas, que estava infetado com Covid-19 e chegou mesmo a ser tratado em ECMO.
No Hospital Dona Estefânia, 93% dos doentes diagnosticados com MIS-C tiveram problemas de ordem cardíaca. Aqui, cerca de 29% das crianças com esta doença precisaram de ser acompanhadas em cuidados intensivos, mas no Santa Maria foram 15 das 16 crianças com Covid-19. No Hospital São João, entre os 20 casos pediátricos registados após o pico da segunda vaga, mais de metade foram para UCI.
21 de abril 2021