Pelo menos 590 crianças e adolescentes portugueses ficaram órfãos, por causa de perdas na família por causa da pandemia de Covid-19, perdendo pelo menos um dos cuidadores. Um número que ascente a 660, se se contar com a perda de avós que tinham a guarda destas crianças. Os dados foram divulgados pela revista médica The Lancet.
Esta análise publicada na prestigiada publicação britânica apresenta estimativas por baixo. Segundo os autores, é provável que a quantodidade de órfãos sejam maior, a nível global. Segundo o mesmo estudo, pelo menos 1,5 milhões de crianças e adolescentes ficaram órfãos ou perderam avós ou tios durante a pandemia, entre março de 2020 e abril de 2021.
O estudo apresentado esta semana é o primeiro do género à escala global. Os autores desenvolveram modelos matemáticos e utilizaram os melhores conjuntos de dados disponíveis para atingir a estimativa agora apresentada. Estes modelos ajudaram a reunir conclusões para 21 países, incluindo Portugal. Os dados representam 76,4% das mortes globais por Covid-19, segundo The Lancet.
Os autores utilizaram dados sobre as mortes por Covid-19 ou mortes em excesso, assim como taxas de fertilidade. Estes conjuntos de informação foram também alargados para incluir mortes de avós ou outros familiares adultos (entre os 60 e os 84 anos), que vivessem na mesma casa que as crianças e que eram também cuidadores, ainda que secundários em alguns casos.
Para efeitos do estudo foram consideradas crianças e jovens com menos de 18 anos e contam-se as mortes associadas à Covid-19, quer causadas diretamente pela doença quer as que resultaram da dificuldade no acesso aos cuidados de saúde e a tratamentos de doenças crónicas devido à pandemia, e que contribuíram para o excesso de mortalidade.
Globalmente, pelo menos um milhão de crianças e adolescentes ficaram órfãos de pai, mãe ou ambos; meio milhão perdeu um dos avós ou tios cuidadores. Tudo de acordo com as estimativas apresentadas nesta investigação.
Os países incluídos na análise foram rgentina, Brasil, Espanha, Colômbia, Reino Unido, França, Alemanha, Índia, Irão, Itália, Quénia, Maláui, México, Nigéria, Peru, Filipinas, Polónia, Rússia, África do Sul, Estados Unidos e Zimbabué. Vale a pena notar que no Reino Unido, apenas foram usados dados de Inglaterra e do País de Gales.
Neste grupo, a África do Sul, Peru, Estados Unidos, Índia, México e Brasil, são os países que apresentam o número mais elevado de órfãos de uma ou de ambas as unidades parentais.
21 de julho 2021